Brics terá seis novos membros: Argentina, Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Egito e Etiópia
A 15ª Cúpula do Brics, grupo de países emergentes, decidiu nesta quinta-feira (24) aumentar o número de integrantes do bloco. Seis novos parceiros ingressam como membros plenos: Argentina, Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Egito e Etiópia.
Lúcia Müzell, enviada especial da RFI a Joanesburgo
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A decisão, que fortalece o bloco de países em desenvolvimento em detrimento a outros fóruns dominados pelos ocidentais, foi tomada ao final de três dias de reuniões em Joanesburgo. O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, anunciou a ampliação para os novos membros. "Vamos continuar trabalhando por um mundo mais justo, inclusivo e prospero", afirmou, ao explicar que o processo para outras associações no futuro vai continuar. Até o momento, 22 países estão interessados no ingresso.
Em seu breve discurso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu boas-vindas aos seis integrantes, que entrarão oficialmente no Brics em 1º de janeiro de 2024. "Nossa diversidade fortalece a luta por uma nova ordem, que acomoda a pluralidade econômica, geográfica e política do século 21", avaliou. "Agora, o PIB dos Brics eleva-se para 36% do PIB global, em paridade de poder de compra, e para 46% da população mundial", ressaltou.
Lula fez um aceno especial ao presidente argentino, Alberto Fernandez. A entrada do país vizinho no bloco foi uma bandeira levantada pelo Brasil. "Continuaremos avançando lado a lado com os nossos irmãos argentinos em mais um fórum internacional. Seguiremos defendendo temas com impacto direto na qualidade de vida das nossas populações, como o combate à fome, à pobreza, à desigualdade, e a promoção do desenvolvimento sustentável", disse.
Apoio à reforma do Conselho de Segurança da ONU
Lula também destacou um avanço importante para o Brasil: pela primeira vez, a declaração final do Brics menciona o apoio a uma reforma do Conselho de Segurança da ONU, uma demanda antiga do governo brasileiro. A reforma pode viabilizar a entrada de novos integrantes permanentes, ao lado das potências nucleares (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido).
A diplomacia brasileira conquista, assim, um dos principais objetivos do país nesta cúpula. No contexto da cúpula, a demanda se tornou conjunta: Pretoria e Nova Délhi também querem uma cadeira definitiva na instância das Nações Unidas.
No documento, os membros do Brics apoiam "uma reforma abrangente da ONU, incluindo o seu Conselho de Segurança, com vistas a torná-la mais democrática, representativa, eficaz e eficiente, e aumentar a representação dos países em desenvolvimento nos membros do Conselho para que possa responder adequadamente aos desafios globais prevalecentes e apoiar as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento de África, Ásia e América Latina, incluindo o Brasil, a Índia e a África do Sul".
Moedas nacionais
Os líderes também concordaram com a criação de um comitê de trabalho para fazer evoluir a proposta da adoção das moedas nacionais dos cinco países fundadores nas transações comerciais entre eles, com vistas a dispensar o dólar. O assunto deve voltar a ser tratado na próxima cúpula do grupo, em 2024, na Rússia.
Esta tarde, Lula terá reuniões bilaterais, entre elas com o presidente do Irã. Depois, ele segue direto para Angola, próxima etapa do primeiro giro africano promovido pelo presidente neste terceiro mandato.