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Barroso: Se não punir, quem perder na eleição achará que pode fazer o mesmo

Do UOL, em São Paulo

21/11/2024 14h20Atualizada em 21/11/2024 14h27

Luís Roberto Barroso, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou nesta quinta (21) que é importante que o Brasil puna os envolvidos em tentativas de golpe. Segundo ele, caso não faça isso, o país corre o risco de ver cenas como as de 8 de janeiro de 2023 se repetirem após a próxima eleição presidencial.

Em nenhum momento, Barroso citou o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado por Lula (PT) em 2022. As declarações foram dadas em entrevista após um evento em São Paulo.

"Acho que tem que punir quem tem que punir. O país tem muita dificuldade de punir", disse Barroso. "E aí, a gente não pune na medida certa e as pessoas não se corrigem", complementou ele.

Se a gente não punir isso, na próxima eleição quem perder vai achar que pode fazer a mesma coisa. Portanto, no Brasil as pessoas querem anistiar antes de julgar.

Homem-bomba "aumentou o nível de preocupação"

Barroso comentou o ataque ocorrido na Praça dos Três Poderes na semana passada, no qual um homem disparou explosivos contra a sede do STF.

Nós estamos preocupadíssimos. Estou sobretudo preocupado porque o Brasil não era assim. Se nós fizermos uma reflexão, o que aconteceu para gente ter esse tipo de atitude, de pessoas pensando em assassinar agentes públicos, de homem-bomba.

Nós precisamos botar esse gênio (do radicalismo) de volta na garrafa.

Brasil passou no "teste da institucionalidade"

O ministro também comentou a situação de instabilidade política vivenciada pelo país nos últimos anos. Para ele, o Brasil conseguiu superar bem o quadro.

O país voltou à normalidade constitucional, com as divergências políticas próprias da democracia. Essas atitudes de desrespeito ao Estado de Direito, de ameaças de homicídio, são pessoas que resgataram um filme muito velho, muito triste isso ter acontecido.

Felizmente as lideranças das Forças Armadas não embarcaram nessa aventura desastrada. Olhando em perspectiva, acho que nós estivemos perto do inimaginável, mas passamos no teste da institucionalidade.

Para Barroso, STF paga o preço da defesa da democracia

Barroso disse que o STF tem sido alvo de extremistas pelo papel que desempenhou na defesa da democracia nos últimos anos. Nesse sentido, ele classificou como "séria e corajosa" a atuação de Alexandre de Moraes, seu colega na corte.

Nós tivemos um processo histórico grave de extremismo que o Supremo precisou enfrentar e acho que enfrentou bem. E, de certa forma, paga o preço de ter estado nessa frente de combate ao extremismo no Brasil. Mas acho que nós fizemos o que tivemos que fazer e fizemos bem feito.

Acho que a condução do ministro Alexandre foi uma condução séria e corajosa, que só ocorreu porque tinha apoio de todo o tribunal. E acho que nós conseguimos evitar que acontecesse o pior.

País viveu "apagão institucional"

O ministro entende que o Brasil viveu "um apagão institucional" após as eleições de 2022. Segundo ele, o fato de o comandante do Exército não ter cedido à pressão dos golpistas evitou que o pior acontecesse.

Nós estivemos muito perto de um apagão institucional. É triste reconhecer isso, mas se o comandante do Exército naquele momento tivesse cedido à pressão, Deus sabe o que teria acontecido.

Houve uma politização ruim, mas na hora decisiva os comandos, o principal comando militar, não aderiu ao golpe, aderiu à Constituição e à legalidade constitucional.

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