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Amizade de Macron e Lula estará à prova em reunião no Planalto, destaca imprensa francesa

Lula e Macron no Pará Imagem: Ludovic Marin/AFP

28/03/2024 10h52

No último dia da visita do presidente Emmanuel Macron ao Brasil, a imprensa francesa dá bastante espaço às expectativas do encontro bilateral com o presidente Lula em Brasília. O jornal Libération diz que a amizade entre Lula e Macron - os abraços e sorrisos amplamente comentados nas redes sociais - estarão à prova durante as conversas.

No último dia da visita do presidente Emmanuel Macron ao Brasil, a imprensa francesa dá bastante espaço às expectativas do encontro bilateral com o presidente Lula em Brasília. O jornal Libération diz que a amizade entre Lula e Macron - os abraços e sorrisos amplamente comentados nas redes sociais - estarão à prova durante as conversas.

"Numa relação de amizade, às vezes há assuntos que incomodam e preferimos evitar. Na diplomacia, estes são frequentemente os que mais importam", analisa o jornal progressista.

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Na avaliação do Libération, "Lula e Macron têm uma leitura muito diferente sobre a paz nos conflitos que abalam o mundo. No caso da Ucrânia, continua sendo "inaceitável para os europeus dividirem igualmente a responsabilidade da invasão russa entre Moscou e Kiev", como faz o presidente brasileiro. Em relação à Faixa de Gaza, França e Brasil também avançam de forma dispersa. "O Eliseu continua incomodado com a acusação de 'genocídio' feita por Lula contra Israel", escreve a publicação.

"Nesse contexto em que nenhum dos dois presidentes tende a mudar de ideia, talvez eles encontrem soluções para um assunto com o qual parecem mais alinhados: a necessária reforma das instituições internacionais", aponta o Libération.

O Brasil há muito tempo exige um assento no Conselho de Segurança da ONU, que parece mais do que nunca imobilizado pelo uso excessivo do veto pelos rivais Estados Unidos, Rússia e China. Os cinco meses transcorridos entre o ataque do Hamas em Israel até a aprovação de uma resolução exigindo um cessar-fogo na Faixa de Gaza demonstram a inércia deste órgão da ONU. O tema da reforma das instituições internacionais une Brasil e França.

Acordo Mercosul-União Europeia

A imprensa francesa registra a firme oposição manifestada ontem por Macron na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) contra o acordo Mercosul-União Europeia. Terceira manchete no site do diário econômico Les Echos, a reportagem do correspondente que acompanhou o discurso do líder francês relata o silêncio constrangedor que tomou conta da plateia, composta por empresários, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Os empresários brasileiros condenaram o "protecionismo francês", reporta Les Echos, depois de Macron declarar enfaticamente que o texto "tal como está negociado é um péssimo acordo".

"Neste acordo não há nada que leve em consideração o tema da biodiversidade e do clima", insistiu o francês. "Para o Eliseu, a prioridade atual é enfrentar o desafio da descarbonização, onde quer que ela esteja, e desenvolver da melhor forma possível as energias renováveis, com a presença de grandes grupos franceses", destaca o jornal de referência entre empresários na França.

Empresários franceses divergem sobre clima econômico

Mais de mil empresas francesas estão estabelecidas no Brasil, com investimentos superiores ao que fazem na China. Um empresário francês declara ao jornal que "o Brasil é realmente um grande mercado para todas as novas tecnologias e novas ideias (...) um verdadeiro laboratório de tecnologia e inovação".

A Saint-Gobain (multinacional francesa de materiais de construção e vidros) diz que há "otimismo no ar" e que as operações continuam muito lucrativas no Brasil, principalmente depois do retorno do presidente Lula ao poder, da reforma tributária e dos programas de modernização de infraestrutura em andamento.

No entanto, há opiniões divergentes na comunidade empresarial francesa sobre a economia brasileira. "Muitos líderes empresariais estão fazendo 'beicinho'", nota o correspondente do Les Echos. Um gestor disse à reportagem que tem sofrido muito com o impacto das altas taxas de juros. "A economia está sem direção, temos a impressão de que falta um rumo definido", acrescentou.

Le Figaro aposta que Macron voltará a abordar o acordo Mercosul-UE na reunião bilateral que fará em Brasília. Os diplomatas brasileiros não são contrários à ideia de negociar uma nova versão do tratado, explica o jornal francês, acrescentando que a intenção do Palácio do Eliseu é passar a bola para a equipe da Comissão Europeia que será formada após as eleições de junho no Parlamento Europeu.

"Negociamos com o Mercosul há 20 anos. Vamos fazer um novo acordo [...] que seja responsável do ponto de vista do desenvolvimento, do clima e da biodiversidade, com cláusulas-espelho que facilitarão o acesso das empresas brasileiras ao mercado europeu", insistiu Macron.

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