Nova onda de violência pró-independência agita a Nova Caledônia, território francês no Pacífico

Uma nova onda de distúrbios atingiu a Nova Caledônia, território francês do Pacífico, com vários edifícios incendiados durante a noite, incluindo uma delegacia de polícia e uma prefeitura, disseram as autoridades na segunda-feira (24).

O novo pico de violência ocorre enquanto a França se prepara para votar em eleições legislativas históricas neste fim de semana e o apoio à extrema-direita cresce em todo o país.

Em meados de maio, distúrbios e saques irromperam na Nova Caledônia devido a um plano de reforma eleitoral que o povo indígena Kanak temia que os deixasse em uma minoria permanente, colocando as esperanças de independência definitivamente fora de alcance.

A agitação deixou nove mortos e danos estimados em mais de € 1,5 bilhão (R$ 8,7 bilhões).

Nos últimos dias, as autoridades francesas insistiram que Nouméa, a capital da Nova Caledônia, localizada a quase 17.000 km de Paris, estava sob seu controle novamente.

Mas a nova onda de violência aconteceu depois que sete ativistas independentistas acusados de orquestrar os distúrbios mortais foram enviados para a França continental para detenção preventiva durante o fim de semana.

Na segunda-feira, o grupo pró-independência CCAT denunciou as "táticas coloniais" da França e exigiu a "libertação imediata e retorno" dos ativistas, incluindo o líder Christian Tein, dizendo que eles deveriam ser julgados na Nova Caledônia.

Os promotores franceses disseram que os ativistas independentistas foram enviados para a França continental "a fim de permitir que as investigações continuem de maneira calma, livre de qualquer pressão".

'Ataques à polícia e incêndios criminosos'

A Alta Comissão, que representa o estado francês no arquipélago, disse em um comunicado que a noite foi "marcada por agitação em toda a parte continental (do território) e na ilha de Pins e Mare, exigindo a intervenção de numerosos reforços, com ataques à polícia, incêndios criminosos e bloqueios de estradas".

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Um homem de 23 anos em estado de "emergência respiratória" morreu durante a noite após participar nas barricadas em Nouméa, disse o promotor público Yves Dupas.

O escritório do promotor lançou uma investigação, disse Dupas, acrescentando que a vítima havia dito aos pais que não tinha sido "ferido pela polícia".

Um motorista também morreu na noite de domingo em uma colisão frontal com outro veículo em Paita, perto de Nouméa, após ter sido "forçado a fazer um retorno devido a um bloqueio erguido por militantes pró-independência", disseram as autoridades.

Em Dumbea, ao norte da capital, a delegacia de polícia municipal e uma garagem foram incendiadas. Quatro veículos blindados intervieram, disse um jornalista da AFP.

Vários incêndios eclodiram nos distritos de Ducos e Magenta em Nouméa, enquanto a polícia e os separatistas entraram em confronto em Bourail, resultando em um ferido.

A Alta Comissão relatou que "vários incêndios foram apagados", particularmente em Ducos e Magenta, acrescentando que "instalações e veículos da polícia municipal e veículos particulares" foram incendiados.

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"Abusos, destruição e tentativas de incêndio também foram cometidos em vários locais em Paita", nos subúrbios de Nouméa, acrescentou a Alta Comissão, que disse que a polícia em Mare também foi atacada.

Na manhã de segunda-feira, muitas escolas foram fechadas devido à nova agitação.

O governo francês respondeu à violência enviando mais de 3.000 tropas e policiais para a Nova Caledônia.

Quase 1.500 pessoas foram presas desde o início dos distúrbios, incluindo 38 na segunda-feira.

O presidente Emmanuel Macron disse que a controversa reforma eleitoral seria suspensa devido às eleições parlamentares antecipadas na França.

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