Em Gaza, intensos combates no Norte deixam civis encurralados

Desde quinta-feira (27), o Exército israelense tem travado intensas batalhas terrestres contra combatentes do Hamas e da Jihad Islâmica, especialmente no bairro de Shujaiya, a leste da cidade de Gaza. Com os confrontos se intensificando, os civis palestinos estão cercados, mas não conseguem abandonar a área devido aos combates.

"As nossas forças estão em operação em Rafah, Shujaiya, em toda a Faixa de Gaza", declarou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, neste domingo (30). "Dezenas de terroristas são eliminados todos os dias. É uma luta difícil que travamos em terra, às vezes corpo a corpo, e também no subsolo", afirmou. De acordo com um correspondente da AFP, numerosos ataques aéreos atingiram a cidade de Gaza, no norte, bem como Rafah e Khan Younes, no sul, durante a noite.

Desde quinta-feira (27), os moradores do distrito de Shujaiya foram orientados a deixar o local. O pânico se instalou neste distrito oriental da cidade de Gaza, com cenas de terror, dizem famílias de habitantes que não sabiam para onde ir. Durante quatro dias, alguns disseram que ficaram presos, porque não podiam sair devido aos bombardeios e tiroteios. Testemunhos de residentes e jornalistas no local falam de escavadoras e tanques israelenses disparando contra áreas residenciais, relata a correspondente da RFI em Jerusalém, Alice Froussard.

Combates em bairros residenciais

O Exército israelense indicou no sábado (29), que tinha "eliminado vários terroristas, descoberto armas, realizado ataques direcionados a posições de combate encurraladas" e "atacado dezenas de infraestruturas terroristas". Israel também anunciou a morte de dois soldados israelenses no norte da Faixa de Gaza. Já os grupos Hamas e Jihad Islâmica, afirmam que os seus combatentes dispararam foguetes antitanque e morteiros contra as forças israelenses nestas áreas.

No dia 7 de maio, uma ofensiva terrestre em Rafah, cidade fronteiriça com o Egito, foi apresentada por Israel como a fase final da guerra contra o Hamas. Mas desde então os combates recuperaram intensidade em várias outras regiões que o Exército afirmava controlar. Entre 60 mil e 80 mil pessoas fugiram do leste e nordeste da cidade de Gaza após a ordem de evacuação do Exército na quinta-feira, segundo o escritório de assuntos humanitários da ONU (Ocha).

O ataque efetuado pelo Hamas em 7 de outubro resultou na morte de 1.195 pessoas, principalmente civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses. Das 251 pessoas sequestradas, 116 ainda são mantidas reféns em Gaza, entre as quais 42 estão mortas. Do lado palestino, pelo menos 43 pessoas foram mortas nas últimas 24 horas, informou o movimento islâmico Hamas num comunicado, acrescentando que 37.877 pessoas foram mortas no território desde o início da guerra com Israel, quase nove meses.

Deslocamentos massivos de população

Há escassez de alimentos e água na Faixa de Gaza, e muitas pessoas feridas estão impedidas de serem evacuadas porque as ambulâncias não conseguem chegar à área. A guerra provocou deslocamentos massivos de populações no pequeno território sitiado por Israel. Uma gestora de missão da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA), Louise Wateridge, descreveu, sexta-feira, 28 de junho, que as condições de vida no território são desastrosas e a ajuda humanitária chega "a conta-gotas".

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(Com AFP)

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