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Diretor do hospital Al Shifa em Gaza é libertado e alega ter sido 'torturado' por Israel

01/07/2024 15h54

O médico Mohammed Abou Selmeyah, diretor do Hospital Al Shifa, o maior estabelecimento de saúde do território palestino em guerra, localizado na Cidade de Gaza, acusou Israel de "torturas" ao ser libertado nesta segunda-feira (1°), após ter passado sete meses detido numa prisão israelense. Autoridades de Israel disseram que investigam essas acusações. 

Vários prisioneiros palestinos foram libertados simultaneamente com o diretor do Hospital Al Shifa. Cinco deles foram itransferidos para o Hospital Al-Aqsa Martyrs em Deir el-Balah, no centro da Faixa de Gaza, segundo uma fonte desse estabelecimento, enquanto os demais foram internados em hospitais de Khan Yunis, no sul do território. 

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A agência de segurança interna de Israel, Shin Beth, disse em um comunicado à imprensa que havia sido encarregada, juntamente com o exército, de "libertar dezenas de prisioneiros a fim de recuperar lugares nos centros de detenção".

O Shin Beth justificou essa libertação explicando que "se opõe à libertação de terroristas da unidade Nukhba do Hamas, que estão envolvidos em combates e ataques a civis israelenses". Mas "foi decidido libertar vários detentos de Gaza que representam um perigo menor", de acordo com a agência de segurança israelense. 

Denúncia de detenção e tortura 

O diretor do hospital Al-Shifa, Dr. Selmeyah, contabilizou que um total de cerca de 50 detidos foram libertados. Ele contou que foi submetido a "grave tortura" durante sua detenção em Israel e que havia sofrido uma fratura no polegar.  

"Os prisioneiros palestinos são submetidos a todos os tipos de tortura", acusou ele em uma coletiva de imprensa no Hospital Nasser, em Khan Yunis. Muitos prisioneiros morreram em centros de interrogatório e foram privados de alimentos e medicamentos. Ele contou que "durante dois meses, os prisioneiros comeram apenas um pedaço de pão por dia", acrescentando que foram "submetidos a humilhações físicas e psicológicas". 

O médico, que foi preso no final de novembro de 2023, disse que havia sido detido "sem acusação". Quando contatado pela AFP, o exército israelense disse que estava verificando a denúncia. 

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Hospitais são alvos frequentes de Israel    

Os hospitais de Gaza têm sido alvo de ataques pesados desde o início da ofensiva militar liderada pelo exército israelense, em resposta ao ataque sem precedentes do Hamas em 7 de outubro, no sul de Israel. O governo israelense acusa o movimento islâmico palestino, que está no poder em Gaza desde 2007, de usar hospitais para fins militares. Mas tanto o Hamas, como os médicos palestinos negam essas acusações.

O Hospital de Al Shifa tem sido palco de ataques particularmente intensos do exército. Em abril e maio, pelo menos três valas comuns foram descobertas no local, de acordo com fontes palestinas. 

Liberações criticadas pela extrema direita israelense

"A libertação do diretor do centro médico de Al Shifa, juntamente com dezenas de outros terroristas, é uma renúncia à segurança", declarou o controverso ministro israelense da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, na rede social X. 

Em um comunicado, o Hamas disse que "os sinais visíveis de tortura e os terríveis testemunhos sobre suas trágicas condições de detenção reafirmam o comportamento criminoso do governo fascista de ocupação". 

Em maio, associações palestinas de defesa dos direitos dos detentos afirmaram que dois palestinos, incluindo um médico do Al Shifa, haviam morrido em uma prisão israelense em decorrência de "tortura" e falta de assistência médica. O exército israelense alegou na época que "não tinha conhecimento" de nenhum incidente desse tipo. Em dezembro, foi aberta uma investigação após a morte sob custódia de vários palestinos presos em Gaza desde 7 de outubro. 

(Com AFP)

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