Joe Biden inicia cúpula da OTAN com discurso enérgico e anúncio de ajuda histórica para a Ucrânia

Na noite desta terça-feira (9), Joe Biden voltou a atuar como líder e pôs uma pausa nos questionamentos sobre sua capacidade para exercer a presidência por mais quatro anos. O mandatário americano deu as boas-vindas aos 32 líderes do Tratado do Atlântico Norte, que vieram a Washington para comemorar os 75 anos de sua criação.

Luciana Rosa correspondente em Nova York

O presidente americano falou com uma voz forte, sem tropeços, porém contando com a ajuda de um teleprompter, parecendo-se mais ao Joe Biden do discurso do Estado da União, em 8 de maio, do que ao do último debate, em 28 de junho.

De acordo com um dos correspondentes da Casa Branca para o New York Times, este "foi um dos seus discursos mais bem proferidos nos últimos tempos, lembrando alguns que fez na Polônia nos primeiros dois anos da guerra".

Sua missão nestes três dias de encontro, porém, vai muito além de apenas mostrar a capacidade de conduzir a reação dos países aliados à ameaça russa. Ele precisa provar que ainda é capaz de ocupar a ala oeste da Casa Branca.

Nos poucos minutos que durou seu discurso, Biden declarou que "a OTAN está mais poderosa do que nunca" e completou dizendo que essa fortaleza é necessária "porque este momento da história exige força coletiva".

Segundo o chefe de estado americano, "autocratas querem derrubar a ordem global que vem sendo mantida há quase 80 anos e continua a aumentar". Biden não buscou meias-palavras para incluir o presidente russo, Vladimir Putin, neste grupo. "Putin não quer nada menos do que a subjugação total da Ucrânia para acabar com o país", pontuou.

Direto do auditório onde o tratado foi assinado em 1949, o mandatário americano garantiu que, se depender dele e dos países aliados, "a Ucrânia pode e irá deter Putin".

Doação histórica para fortalecer a Defesa ucraniana

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Ainda durante o discurso, Biden anunciou uma doação histórica de equipamentos de defesa aérea à Ucrânia. Os EUA, a Alemanha, os Países Baixos, a Romênia e a Itália emitiram um comunicado conjunto anunciando um plano para o fortalecimento das defesas aéreas da Ucrânia.

"Estamos empenhados em fornecer à Ucrânia capacidades adicionais de defesa aérea contra ataques russos, incluindo ataques deliberados a cidades e alvos civis", dizia o texto.

Os países se comprometeram a disponibilizar mais de US$ 1 bilhão em apoio nesse sentido.

Governo americano celebra o aumento dos gastos em defesa

No total, 38 chefes de estado desembarcaram em Washington nesta semana para celebrar o aniversário da OTAN, já que além dos membros aliados, países parceiros, como Ucrânia, Japão, Nova Zelândia e Coreia do Sul também estão entre os convidados.

Na véspera do encontro, o porta-voz do Departamento de Segurança Americano, John Kirby, fez questão de recordar que "durante 75 anos, a OTAN desempenhou um papel vital na proteção do povo americano e em tornar o mundo um lugar menos perigoso".

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Kirby ressaltou ainda o trabalho executado por Biden durante os três anos de governo para fortalecer e expandir a aliança, tanto em seu empenho para unir forças e recursos para ajudar a Ucrânia, como na ampliação do grupo, com a inclusão da Suécia e da Finlândia.

O principal legado de Biden à aliança, porém, teria sido a capacidade de promover o aumento do investimento em defesa. Antes da invasão russa à Ucrânia, apenas seis dos 32 países cumpriam com o gasto mínimo de 2% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em defesa. Ainda este ano, o número de países cumprindo com o gasto mínimo deve subir para vinte e três.

"Só este ano, os nossos colegas Aliados da OTAN investirão mais de US$ 500 bilhões em defesa. Em 2020, foram investidos pouco mais de US$ 325 bilhões. Portanto, teremos um aumento de US$ 175 bilhões, que é um aumento percentual substancial ao longo dos últimos três anos e meio", disse o Conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.

Investimentos para acelerar a produção de mísseis

Além disso, os países aliados assinaram um acordo de quase US$ 700 milhões para alavancar a produção de mísseis Stinger.

Esta é uma das muitas medidas que a aliança está tomando para fazer com que cada país, de forma individual, aumente sua capacidade de produção de armas.

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"Não há como fornecer uma defesa forte sem uma indústria de defesa forte", sentenciou o Secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg.

Encontro com o primeiro-ministro britânico

Na agenda do presidente Biden para esta quarta-feira (10), estão incluídas uma reunião de trabalho com os países membros da OTAN e um encontro bilateral com Keir Starmer, o recém-eleito primeiro-ministro britânico.

Durante a noite, os líderes de Estado presentes em Washington participarão de um jantar oferecido pelo presidente americano e pela primeira-dama Jill Biden.

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