Brasil: corte de R$ 25 bi em gastos públicos anunciado por Haddad tranquiliza investidores, diz Le Figaro

O jornal Le Figaro desta sexta-feira (12) publica uma matéria sobre o corte de R$ 25 bilhões em despesas obrigatórias, anunciado pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad, para o orçamento de 2025. Para o diário, a decisão "tranquiliza os investidores".

 

A correspondente do Le Figaro no Rio de Janeiro, Eléonore Hughes, escreve que o real sofria no primeiro semestre a maior queda desde a volta do presidente Lula ao poder, no início de 2023. No começo de julho, US$ 1 chegou a valer R$ 5,7, ressalta a matéria. Mas "entre agravar as tensões e jogar o jogo do apaziguamento", o líder petista escolheu a segunda opção, reitera.

O diário lembra que durante a campanha eleitoral de 2022, Lula multiplicou suas promessas, fazendo investidores temerem "despesas extravagantes". Mas, ao voltar à presidência, "seu governo se comprometeu a respeitar a disciplina orçamentária". 

No entanto, os números do ano passado preocuparam, sobretudo o aumento de 12,5% nos gastos que resultou em um déficit primário de -2,1%, após um excedente de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022. O resultado, completa Le Figaro, foi que o peso da dívida pública aumentou, passando de 88,1% do PIB e a sustentabilidade das finanças públicas passou a ser questionada.

O jornal ainda descreve a troca de farpas de Lula com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, acusado pelo presidente de ter uma agenda política. As relações entre as duas partes se degradam ainda mais quando Campos Neto e sua equipe decidem manter a taxa de juros em 10,5% ao ano, após sete reduções consecutivas. O mercado também acende o sinal de alerta quando Lula se mostra novamente reticente, no final de junho, sobre a necessidade de redução dos gastos.

No entanto, na avaliação do jornal, a economia brasileira vai bem, com uma baixa inflação (3,9% em maio), um crescimento de 2,9% e a taxa de desemprego mais baixa dos últimos dez anos (7,9% no primeiro trimestre de 2024). Resta a saber se o governo conseguirá reembolsar os títulos de créditos no futuro, afirma o economista Marcelo Portugal ao diário.

Le Figaro ressalta que o mercado também aguarda para saber se os cortes anunciados por Haddad ocorrerão. Para o jornal, outro fator que pode dar força ao Real é a passagem da presidência do Banco Central a Gabriel Galipolo, próximo do ministro da Fazenda, em 2025. Segundo uma analista entrevistada pelo diário, isso pode acalmar as preocupações dos investidores estrangeiros. 

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