Trump comparece à abertura da convenção republicana com curativo na orelha e anuncia vice

Nesta segunda-feira (15), primeiro dia da Convenção Republicana, Trump foi oficialmente nomeado candidato e revelou quem o acompanhará como vice. Trata-se do senador pelo estado de Ohio, James David Vance. 

Luciana Rosa correspondente da RFI em Nova York

Apenas 48 horas após ser vítima de uma tentativa de assassinato, Donald Trump fez uma aparição na Convenção Nacional do Partido Republicano, em Milwakee, no estado de Wisconsin. Ao som de uma canção de tom heróico, o agora candidato oficial do partido, ingressou no Fiserv Forum Arena usando um curativo na orelha, sob a ovação do público presente. Sem discursar, ele apenas repetiu o gesto de levantar o punho cerrado feito após o atentado.

Trump termina sua breve aparição cumprimentando os filhos presentes na convenção, entre eles Donald Trump Jr., que estava visivelmente emocionado, além de seus aliados. Finalmente o candidato republicano posa para o que será a primeira imagem sua ao lado do designado vice, o senador pelo estado de Ohio, James David Vance.

Com apenas 39 anos, o político já tem um bestseller no currículo, a autobiografia Hillbilly Elegy, que depois virou filme, estrelado por Glenn Close e Amy Adams. A versão brasileira recebeu o título de "Era uma vez um sonho".

"Pensei nesta decisão durante meses, mas, no fundo sempre soube que precisava de J.D. Vance ao meu lado para fazer a América grande novamente!", é a frase com que a campanha de Trump introduz o vice a seus eleitores.

Em 2016, Vance criticou abertamente Donald Trump diversas vezes, e chegou a compará-lo a Hitler. Durante uma entrevista de outubro de 2016, Vance disse que Trump era um "candidato terrível".

Mas, durante sua campanha para o Senado em 2020, J.D. Vance mudou de ideia sobre o Republicano e apagou todos os comentários feitos sobre o ex-presidente nas redes. Desde então, ele passou a integrar o círculo íntimo de Trump.

A mudança foi tamanha, que hoje Vance é visto como a cara da nova geração do America First, política externa que enfatiza o nacionalismo e o unilateralismo, rejeitando políticas internacionalistas. Uma linha de pensamento aplicada como política oficial da administração Trump.

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Propostas ultraconservadoras

Vance passou a ser uma figura poderosa dentro do Make America Great Again, e a apoiar algumas das iniciativas mais autoritárias de Trump, como questionar os resultados das eleições de 2020. O senador de Ohio sugeriu, em um podcast gravado em  2021, que Trump deveria eliminar os funcionários públicos do governo atual, caso fosse reeleito em 2024.

Durante as primárias, Vance se apresentou como um populista de direita ao estilo Trump. Com um discurso anti-elites e radicalmente contrário ao aborto, Vance pode ser a peça que complete a radicalização de uma plataforma de governo conservadora.

Além disso, o senador poderia atrair o voto da classe trabalhadora, como escreveu Trump na postagem onde anunciou o nome de J.D. Vance: "durante a campanha, ele estará fortemente focado nas pessoas pelas quais lutou tão brilhantemente, os trabalhadores e agricultores americanos na Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Ohio, Minnesota". Coincidentemente ou não, os estados citados são considerados pêndulo, onde não há uma tendência clara de preferência por um dos partidos, o que os torna decisivos em uma eleição.

Como senador, Vance alinhou-se com a direita populista, questionando o papel dos EUA em conflitos internacionais, como a Guerra na Ucrânia, defendendo a premissa da América para os Americanos. Em 2023, o egresso da faculdade de direito de Yale, chegou a apresentar um projeto de lei que tornaria o inglês a língua oficial dos EUA.

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