Charles III do Reino Unido apresenta 1º governo de esquerda em 15 anos durante 'discurso do rei'

Na quarta-feira, Charles III pronunciou o "discurso do rei" em uma cerimônia solene na qual revelou o primeiro programa legislativo de um governo trabalhista em 15 anos, após a vitória esmagadora da esquerda nas eleições gerais do Reino Unido, em 4 de julho. O novo governo britânico quer "redefinir" as relações com seus "parceiros europeus", anunciou nesta quarta-feira o rei, lendo o texto que tradicionalmente empossa e celebra o novo governo britânico eleito.

No meio da manhã desta quarta-feira (17), o rei deixou o Palácio de Buckingham em uma carruagem dourada com destino a Westminster para pronunciar o "discurso do rei", um momento de tradição e solenidade após as eleições no Reino Unido. Mais cedo, os guardas reais inspecionaram os porões do Parlamento em busca de explosivos, um legado da tentativa malsucedida dos católicos de explodir o edifício, em 1605.

Cheia de protocolos pitorescos, a cerimônia prevê situações divertidas, como a da parlamentar Samantha Dixon, que foi simbolicamente mantida como refém em Buckingham até o "retorno seguro do rei" à sua residência.

O Discurso do Trono ou Discurso do Rei é proferido pelo soberano, mas redigido pelo governo eleito. É uma oportunidade para que o novo partido no poder estabeleça suas prioridades em Westminster.

Ele marca a abertura da nova sessão do Parlamento após a eleição geral, que levou o novo primeiro-ministro trabalhista Keir Starmer a Downing Street, após 15 anos de governo conservador. Esse discurso foi o primeiro de um executivo trabalhista desde o governo de Gordon Brown em 2009, antes dos conservadores chegarem ao poder alguns meses depois.

Macron vai encontrar novo premiê britânico 

O presidente francês, Emmanuel Macron, terá uma "primeira reunião aprofundada" com o novo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, na quinta-feira (18), com o objetivo de "revisar" as relações entre a França e o Reino Unido e a União Europeia em geral, informou o Palácio do Eliseu nesta quarta-feira.

Ao final da cúpula da Comunidade Política Europeia (CPE), que reúne os líderes do continente além da UE, organizada no Palácio de Blenheim, perto de Oxford, na Inglaterra, o chefe do governo trabalhista receberá o presidente francês para um jantar de trabalho bilateral.

Os dois homens tiveram uma conversa telefônica na noite da vitória do Partido Trabalhista nas eleições gerais no início de julho, e depois se encontraram brevemente na semana passada em Washington, à margem da cúpula da Otan. Eles se conheceram em setembro de 2023, quando Starmer, então líder da oposição, esteve no Palácio do Eliseu para um encontro de 45 minutos com o presidente francês.

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Programa centrado nos trabalhadores

 "O programa legislativo se baseará no ímpeto de nossos primeiros dias no cargo e fará a diferença na vida dos trabalhadores", sendo o crescimento econômico a prioridade, disse o novo chefe de governoo progressista e novo premiê britânico, Keir Starmer.

Embora ele tenha dito, logo após assumir o cargo, que estava "ansioso para realizar a mudança" prometida ao povo britânico, Starmer planeja anunciar mais de 35 projetos de lei.

Os principais textos incluem a criação de um fundo de investimento público para financiar a transição ecológica do país, medidas para acelerar a construção de casas, a renacionalização das empresas de transporte ferroviário e a redução da idade para votar de 18 para 16 anos.

Uma reforma da vetusta Câmara dos Lordes, que tem quase 100 membros hereditários, também poderá ser anunciada. Os trabalhistas também prometeram fortalecer a descentralização, dando mais poder aos conselhos locais e aos prefeitos das grandes regiões.

Espera-se também que um projeto de lei fortaleça os direitos dos trabalhadores, principalmente com a abolição dos chamados contratos de "zero horas", que não garantem um mínimo de horas de trabalho.

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O novo governo britânico, que construiu sua campanha com base na promessa de um orçamento "sério", também deverá dar novos poderes ao órgão de previsão do orçamento público, o OBR, para garantir um melhor controle dos gastos públicos.

(Com AFP)

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