Número de mortos em deslizamento de terra na Etiópia pode chegar a 500, diz ONU
O número de mortos no deslizamento de terra na segunda-feira (22) no sul da Etiópia subiu para 257 e pode chegar a 500, de acordo com relatório desta quinta-feira (25) da Agência da ONU para Assuntos Humanitários, Ocha.
O relatório anterior da agência, comunicado na noite de terça-feira pelas autoridades locais, relatava 229 mortes. "As operações de resgate continuam" e "os residentes escavam principalmente com as próprias mãos ou com pás por falta de outras opções", acrescenta.
Em entrevista concedida quarta-feira (24) à BBC, o responsável da Ocha na Etiópia, Paul Handley, explicou que a entrega de "equipamento pesado de escavação à zona afetada", "isolada e montanhosa", foi "um desafio, sobretudo devido às condições das estradas".
Segundo jornalistas da AFP no local, a estrada que leva à área do desastre não é pavimentada em dezenas de quilômetros.
"O governo etíope, com as autoridades regionais e locais, está concluindo um plano de evacuação" para mais de 15.500 pessoas que vivem nas proximidades, em áreas "que envolvem um elevado risco de novos deslizamentos de terra e que devem ser evacuadas imediatamente", continua a Ocha.
Entre elas estão "pelo menos 1.320 crianças menores de cinco anos e 5.293 mulheres grávidas e lactantes".
O desastre ocorreu no distrito de Kencho Shacha Gozdi, uma área rural e montanhosa, localizada na região sul da Etiópia, a cerca de 480 km e a mais de dez horas de estrada de Adis Abeba, a capital federal.
A região foi afetada por fortes chuvas na noite de domingo. Um trecho de uma colina desabou na manhã de segunda-feira, atingindo várias casas antes que outro deslizamento de terra engolisse os moradores que tentavam ajudar.
O número de pessoas desaparecidas é desconhecido.
Ajuda internacional
A Cruz Vermelha começou a distribuir produtos de primeira necessidade na terça-feira e o governo federal, várias agências da ONU e ONGs internacionais enviaram equipes.
Cerca de 18% da população da Etiópia (21,4 milhões de pessoas) depende da ajuda humanitária e 4,5 milhões de pessoas estão atualmente deslocadas por conflitos ou catástrofes climáticas (secas, inundações, etc.), segundo a ONU.
Segundo os moradores locais, muitas vezes as pessoas optam por viver abaixo das colinas porque faz menos frio. "Este não é o primeiro desastre desse tipo. No ano passado, mais de 20 pessoas morreram. A cada estação de chuvas, pessoas morrem devido a deslizamentos de terra e fortes chuvas nesta área", comentou um morador de um distrito de Wearda, vizinho ao local do desastre, na terça-feira.
A "longa" estação chuvosa começou em junho em muitas partes da Etiópia e deve durar até setembro. O Estado Regional do Sul é uma das muitas áreas afetadas pelas cheias de abril e maio no país, durante a chamada "pequena" estação chuvosa.
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