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Brasil é dobradinha de ouro e bronze nos 5000m masculino na estreia do atletismo paralímpico em Paris

30/08/2024 08h06

A sexta-feira (30) marcou a estreia do atletismo nos Jogos Paralímpicos Paris 2024. E o Brasil teve dobradinha no pódio dos 5000 m masculino na categoria T 11, para atletas com deficiência visual. Ao todo, 22 brasileiros competem hoje no Stade de France, em Saint-Denis, subúrbio norte de Paris, oito deles direto em finais.  

Maria Paula Carvalho, da RFI em Paris 

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A primeira disputa por medalhas do Brasil foi nos 5.000m masculino categoria T11, para atletas com deficiência visual. Júlio Cesar Agripino, de Diadema, São Paulo, largou na frente e manteve a liderança durante todo o percurso, ao lado do guia. Ele quebrou o recorde mundial da prova, com tempo de 14min 48s 85 centésimos.  

"Foi sensacional, fico muito agradecido a toda a minha equipe porque foi um recorde que a gente precisava", disse o atleta à RFI.

Diagnosticado com uma doença degenerativa da córnea aos 7 anos, Agripino disse que se preparou muito para competir em Paris. "A gente chegou aqui para fazer história, fazer diferença e foi isso que fizemos. E essa medalha de ouro mostra o quanto a nossa modalidade chegou aqui forte", acrescenta.

"Eu queria fazer uma prova forte e deixar os meus adversários fora da zona de conforto", explicou o medalhista.

Medalha de bronze

A prata foi para o japonês Kenya Karasawa e o bronze para o mato-grossense Yeltsin Jacques, um dos favoritos na modalidade e detentor do recorde mundial anterior: 14min53s97, conquistado no Campeonato Mundial em Kobe, no Japão.  

Yeltsin nasceu com baixa visão e conheceu o atletismo paralímpico ao ajudar um amigo também deficiente visual. O atleta tinha sido ouro nos 1500m e bronze nos 5000m no Mundial em Paris, em 2023, e ouro nos 5000 e 1500 nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. 

Ele conta que recentemente enfrentou uma micro ruptura na panturrilha e acabou perdendo dois meses de preparação. "Eu tinha batido o recorde mundial em Kobe, estava numa boa preparação, mas acabei tendo uma lesão e depois uma virose, perdendo parte do meu treinamento", lamentou em entrevista à RFI Brasil após a prova.

"Felizmente, consegui reorganizar a casa e sair daqui com uma medalha, um pedacinho da torre Eiffel para o Brasil", completou. "As condições da pista são fantásticas, eu fiz o meu melhor tempo e quero voltar aqui", concluiu.  

Yeltsin terminou a prova com tempo de 14min 52s 61, o melhor tempo da carreira.

O atletismo brasileiro nos Jogos Paralímpicos

O atletismo é a modalidade que mais conquistou medalhas para o Brasil em Jogos Paralímpicos. Agora são 172 ao todo: 49 ouros, 70 pratas e 53 bronzes. Os atletas competem divididos por categorias de acordo com o grau de deficiência constatado na classificação funcional. 

O Brasil também disputa medalha nesta sexta-feira no salto em distância feminino, na categoria T11, com duas competidoras. 

Lorena Spoladore, de Maringá, no Paraná, de 28 anos, tem glaucoma congênito desde os primeiros dias de vida, foi perdendo a visão gradativamente, até ficar totalmente cega. Ela foi prata no salto em distância no mundial de Kobe 2024 e ouro nos Parapan-Americanos de Santiago, 2023, e prata no Mundial de Paris, no mesmo ano.  

A carioca Alice Correa Oliveira, de 28 anos, nasceu com glaucoma e catarata após a mãe contrair rubéola na gestação. Cega desde os 23 anos, ela já tinha uma prata no salto em distância Parapan-Americano de Santiago 2023 e ouro no Campeonato Brasileiro 2023.  

Outros brasileiros disputaram etapas classificatórias: nos 100m masculino T12, 400 m feminino T11, 500m feminino T54, 100m masculino T37 e T47 e arremesso de disco feminino categoria F57. As semifinais e finais acontecem esta noite no Stade de France.  

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