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"Capacidade de vingança do Irã é limitada", diz especialista da Universidade de Jerusalém

30/09/2024 06h33

Uma guerra que já provoca milhares de deslocados e que aumenta a possibilidade de um confronto regional no Oriente Médio. Este é o retrato do conflito aberto e cada vez mais amplo entre Israel e o Hezbollah.

Henry Galsky, correspondente da RFI em Israel

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Após a morte de Hassan Nasrallah, líder da milícia xiita libanesa, há a expectativa de respostas. E não apenas por parte do Hezbollah. Ao menos um dos membros da Guarda Revolucionária Iraniana (GRI) estava com Nasrallah no quartel-general atingido por Israel. A GRI é a força militar de elite do Irã criada para proteger o regime contra ameaças internas e externas.

Os iranianos prometeram vingança. No entanto, Teerã também disse que iria se vingar após o líder do Hamas no exterior, Ismail Haniyeh, ser morto enquanto estava no país no final de julho. Essa vingança, apesar de prometida e reforçada publicamente pelos líderes iranianos, ainda não aconteceu.

A RFI conversou com o professor Menahem Merhavy, da Universidade Hebraica de Jerusalém, e um dos principais especialistas em estudos do Irã moderno em Israel.

Para ele, os ataques de abril contra Israel lançados a partir do território iraniano mostram que a resposta prometida pela República Islâmica não deve ser uma ação de larga escala.

"A única possibilidade que eu vejo por parte do Irã é um ataque a representações israelenses no exterior, como embaixadas e consulados. No final das contas, a capacidade de vingança do Irã é muito limitada", disse Merhavy.

"É importante também ficar claro que Israel não ocupa a integralidade da agenda internacional iraniana. O regime tem outras prioridades, como a possibilidade de um acordo sobre o programa nuclear e o fim das sanções contra o país".

Israel também atua em outras frentes. No domingo, dezenas de aviões da força aérea voaram quase dois mil quilômetros até o Iêmen.

Após dois mísseis balísticos disparados contra Israel apenas na última semana, as forças israelenses atacaram o Porto de Hodeidah, na costa oeste do país.

Segundo o Ministério da Saúde controlado pelos houthis, quatro pessoas morreram e 29 ficaram feridas. De acordo com Israel, o ataque foi direcionado a locais usados pelos houthis para fins militares.

O porto de Hodeidah foi alvejado por Israel em julho, em resposta ao disparo de um drone que atingiu um prédio residencial em Tel Aviv e causou a morte de um cidadão israelense.

O Iêmen está a mais de dois mil quilômetros de Israel. Os mísseis disparados pelos houthis representam os ataques mais distantes lançados contra o território israelense desde a criação do país, em 1948.

Israelenses consideram Hezbollah enfraquecido

Segundo uma fonte explicou à RFI, a percepção das autoridades de segurança israelenses é que neste momento o Hezbollah está profundamente desorientado.

"Eles não conseguem tomar decisões porque não há cadeia de comando. Ao contrário do Hamas, o Hezbollah sempre buscou se consolidar como um Exército. E Exércitos têm hierarquia. Assim as decisões são tomadas. Mas agora não há mais comando porque Israel conseguiu eliminar quase todos os membros da alta liderança", explicou.

Mesmo entre os atores políticos israelenses, normalmente muito divididos, há unanimidade sobre a decisão de matar Nasrallah. A avaliação interna em Israel, de forma muito ampla, é que o Hezbollah passou de uma ameaça concreta, com cerca de 150 mil mísseis apontados para o país, a um grupo enfraquecido e desorganizado.

E Israel segue eliminando os membros do Hezbollah, inclusive aqueles que são apontados como substitutos dos que foram mortos.

Informações sobre o conflito

Em menos de duas semanas de guerra aberta, 500 mil pessoas deixaram o sul rumo ao norte do Líbano, seguindo orientação do Exército de Israel. O país atacou mais de 2.500 alvos desde o início da ofensiva contra a milícia xiita libanesa.

Já são mais de 1.030 mortos, segundo o Ministério da Saúde libanês. Antes da ação israelense, o Hezbollah havia disparado ao menos oito mil mísseis e foguetes contra Israel ao longo de quase um ano em solidariedade ao Hamas

O governo do Líbano informou que 250 mil pessoas passaram a ser consideradas deslocadas internas no Líbano e estão espalhadas por 283 abrigos.

Já o Hezbollah ampliou seus ataques contra o norte de Israel. Durante quase um ano desde que o grupo passou a disparar contra Israel, a milícia libanesa atacava cidades e comunidades próximas à fronteira, o que forçou a retirada de entre 60 mil e 70 mil israelenses que passaram a ser deslocados internos.

Agora há uma ampliação para toda a região norte mesmo em cidades mais distantes à fronteira, como Safed (15 quilômetros), Haifa (35 quilômetros), Nazaré (45 quilômetros) e Zichron Yaakov (65 quilômetros).

Enquanto isso, a expectativa em Israel é de que o próximo passo da ofensiva seja a invasão terrestre ao Líbano, como mencionado pelo Comandante da Frente Norte do exército israelense, Ori Gordin, que disse que as tropas precisam estar prontas.

"Todas as possibilidades estão sobre a mesa", disse uma fonte à RFI. Israel também convocou mais duas brigadas de reservistas para que atuem no norte do país. Israel mantém sigilo sobre números e dados militares, mas a RFI apurou que entre seis mil e 14 mil soldados foram recrutados.

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