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Sanções, guerra e furacão: veja alguns dos obstáculos que impedem a solução do apagão em Cuba

22/10/2024 12h50

Em entrevista à RFI, o professor da Universidade Nacional Autônoma do México em Cuba (UNAM-Cuba), Ricardo Domínguez Guadarrama, atribui o apagão na ilha, entre outros motivos, às sanções econômicas dos EUA contra Cuba e Venezuela, ao sistema elétrico ultrapassado, à guerra na Ucrânia e à recente passagem do furacão Oscar. Havana chegou a declarar uma "emergência energética" na última sexta-feira, após a desconexão total de seu sistema de eletricidade.

Em entrevista à RFI, o professor da Universidade Nacional Autônoma do México em Cuba (UNAM-Cuba), Ricardo Domínguez Guadarrama, atribui o apagão na ilha, entre outros motivos, às sanções econômicas dos EUA contra Cuba e Venezuela, ao sistema elétrico ultrapassado, à guerra na Ucrânia e à recente passagem do furacão Oscar. Havana chegou a declarar uma "emergência energética" na última sexta-feira, após a desconexão total de seu sistema de eletricidade.

Seis pessoas morreram durante a passagem do furacão Oscar por Cuba, onde a maior parte da população continua sem eletricidade ao entrar na quarta noite de um apagão nacional na ilha.

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Em meio à emergência energética, o presidente Díaz-Canel informou que "36% do serviço no país foi restabelecido, funcionando com estabilidade no momento". Em Havana, que tem uma população de dois milhões de habitantes, quase todos os cidadãos tinham eletricidade.

Venezuela e Rússia não enviam mais combustíveis fósseis

Noventa e cinco por cento da eletricidade consumida na ilha é produzida com combustíveis fósseis importados, principalmente derivados do petróleo. Cuba tem de pagar preços mais altos do que outros países, devido às sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos.

A Venezuela era o país com o qual o governo de Díaz-Canel contava, mas a crise e as sanções não podem mais sustentar o sistema energético obsoleto de Cuba.

"É muito importante mencionar a questão da Venezuela, porque esse país praticamente se tornou o fornecedor de mais de 80% das necessidades diárias de petróleo de Cuba. E, na medida em que os Estados Unidos também bloquearam a Venezuela, isso impediu que esse país continuasse a enviar o petróleo necessário para a economia cubana", explica o professor Ricardo Domínguez Guadarrama.

México poderia oferecer parceria energética a Cuba

O outro grande fornecedor era a Rússia, mas ela está envolvida em uma guerra há mais de dois anos e meio. "A obtenção de petróleo da Rússia para Cuba também é complicada pela guerra desse país contra a Ucrânia. Cuba tem que procurar mercados próximos, como o México, por exemplo, para tentar suprir suas necessidades de alguma forma, principalmente pelo déficit que tem em relação ao que recebia do governo venezuelano", acrescenta o especialista.

O professor da UNAM considera que, embora Cuba tenha procurado importar petróleo desses países, eles não conseguiram satisfazer as necessidades do consumo interno na ilha. "A Rússia, de fato, reduziu as entregas que tinha até alguns meses atrás. Portanto, o mercado russo não tem sido realmente satisfatório para o abastecimento de petróleo de Cuba", concluiu. 

Maquinário do século passado

Outro ponto importante da crise energética cubana é a tecnologia. Em 2006, Fidel Castro disse que haveria "um antes e um depois" da revolução energética de Cuba. Essas promessas, em 2024, parecem ser uma ilusão perdida, pois a ilha ainda usa maquinário do século passado.

"O sistema elétrico cubano data da década de 1960 e contava com a engenharia que a Rússia promoveu na época. Hoje, o país tem muitas dificuldades para encontrar todos os equipamentos necessários para manter essa tecnologia funcionando. Não estamos falando de modernização, mas de reparar os danos causados ao sistema elétrico no momento. A recente tempestade da última sexta-feira derrubou cabos e, para substituir todos esses cabos, Cuba também precisa importá-los", enfatizou Guadarrama. 

Cortes de energia foram gatilhos de protestos históricos

Diante da persistente crise de energia, o presidente cubano advertiu no domingo que seu governo não toleraria qualquer perturbação da ordem pública, uma vez que os moradores saíram às ruas no sábado e no domingo à noite para demonstrar sua exasperação.

Todos os responsáveis por distúrbios serão processados "com a severidade que as leis revolucionárias preveem", afirmou o chefe de Estado. Os cortes de energia foram um dos gatilhos para as manifestações históricas de 11 de julho de 2021.

Diante da crise de energia e da situação climática, as autoridades cubanas suspenderam as aulas e os serviços públicos não essenciais até quarta-feira, sendo que apenas os hospitais e serviços cruciais para a população continuam funcionando.

Cuba está enfrentando sua pior crise em 30 anos. O gigantesco corte de energia, que se segue a apagões crônicos, vem se somar à escassez de alimentos, remédios e à inflação galopante.

(RFI com AFP)

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