Grupo paramilitar de extrema direita neonazista é desmantelado em operação com 450 policiais na Alemanha
Na terça-feira (5), a promotoria pública alemã anunciou a prisão de oito supostos membros de um grupo paramilitar neonazista baseado no leste da Alemanha, de onde planejavam ações violentas contra instituições alemãs. A célula extremista difundia uma ideologia na qual queriam "conquistar pela força das armas" partes do leste da Alemanha após um suposto "colapso" do país.
Oito jovens suspeitos de pertencerem a um grupo paramilitar neonazista foram presos em uma operação que se estendeu até a Polônia e a Áustria. Todos de nacionalidade alemã, pertencem a uma organização fundada em 2020 sob o nome de "Separatistas Saxões" com uma ideologia "racista e antissemita", de acordo com o Ministério Público Federal alemão, com sede em Karlsruhe (sudoeste) e especializado em casos de terrorismo.
Eles estão "unidos por uma profunda rejeição da ordem liberal e democrática".
A organização, que tem entre 15 e 20 membros, segundo a promotoria, supõe que "a Alemanha está à beira do 'colapso' e que em uma 'data X' (...) o Estado e a sociedade cairão no caos".
Em preparação para esse dia, os membros do grupo, cujo suposto líder tem 23 anos de idade, passaram por treinamento paramilitar com equipamentos de combate. Seu treinamento incluiu combate, armas de fogo, marchas noturnas, marchas forçadas e patrulhas.
O grupo também adquiriu equipamentos militares, como roupas de camuflagem, capacetes de combate, máscaras de gás e coletes à prova de balas, de acordo com a promotoria pública.
"Os principais suspeitos desse grupo são extremistas de direita, alguns deles muito jovens, com ligações com um meio ativo, especialmente na Internet", disse Thomas Haldenwang, presidente da inteligência interna alemã.
"Limpeza étnica"
A célula queria "estabelecer um sistema estatal e social inspirado no nacional-socialismo" e eliminar "pessoas consideradas indesejáveis, se necessário, por meio de limpeza étnica", de acordo com o promotor público.
Esse desmantelamento mobilizou 450 agentes durante uma operação policial no leste da Alemanha, principalmente em Leipzig e Dresden.
O suposto líder da quadrilha, identificado como Jorg S., foi preso em Zgorzelec , uma cidade polonesa na fronteira com a Alemanha. Também foram realizadas buscas na Áustria, nas cidades de Viena e Krems.
A Alemanha desmantelou várias células de extrema direita nos últimos anos, sendo que uma das maiores, liderada por um aristocrata, está sendo julgada há vários meses por preparar um golpe de Estado.
Politicamente, a extrema direita está em ascensão na Alemanha, principalmente no leste do país, nas antigas regiões da República Democrática Alemã comunista.
Organizações juvenis
A Alternativa para a Alemanha (AfD), um partido contra os imigrantes, está em ascensão na Alemanha e obteve resultados recordes nas recentes eleições locais. Entretanto, o AfD insiste que não tem nada a ver com movimentos violentos.
Newsletter
PRA COMEÇAR O DIA
Comece o dia bem informado sobre os fatos mais importantes do momento. Edição diária de segunda a sexta.
Quero receberDe acordo com o semanário alemão Der Spiegel e o diário de esquerda TAZ, três dos suspeitos presos são membros da AfD, incluindo dois com cargos na "Junge Alternative", a organização juvenil da AfD na Saxônia.
Essas organizações têm uma forte presença nas redes sociais e suas posições são ainda mais radicais do que as da AfD.
Kurt H., que foi ferido durante a sua prisão, era tesoureiro da "Junge Alternative" na Saxônia desde outubro, e Kevin R. era diretor de mídia da mesma organização em Leipzig.
De acordo com a Der Spiegel, Kurt H. e Kevin R. também fazem parte do conselho municipal da cidade saxônica de Grimma. Seu cúmplice, Georg P., foi nomeado para um conselho distrital de Leipzig pelo AfD em 2021. Dos suspeitos presos, dois deles, Karl K. e Jorn S., eram menores de idade durante parte do período do crime, e outros dois, Kevin M. e Norman T., tinham menos de 21 anos.
Todos devem ser apresentados a um juiz na terça e quarta-feira (6), que decidirá se deve ou não mantê-los sob custódia.
(Com AFP)
Deixe seu comentário