Michelin anuncia novo fechamento de fábricas na França e governo se 'preocupa' com desemprego

Nesta terça-feira (5), a Michelin anunciou que fechará, em 2026, duas fábricas no oeste da França, em Cholet e Vannes, onde trabalham 1.254 funcionários. A principal fabricante de pneus do mundo, há muito tempo símbolo de um setor paternalista, vem encerrando cada vez mais unidades na França nos últimos anos, reduzindo sua pegada industrial. 

O grupo explicou na terça-feira que fecharia mais duas fábricas na França, devido a uma queda acentuada na atividade do setor de veículos pesados e vans. A Michelin já havia reduzido significativamente sua presença na França, seu maior mercado, onde encerrou o funcionamento de seis fábricas em 20 anos. 

Na fábrica da Michelin em Cholet, "eles colocaram os 900 funcionários em uma sala como vacas no matadouro e anunciaram que estava tudo acabado", criticou Morgane Royer à AFP, que trabalha para a Michelin há "quase 10 anos" e é representante sindical.

"Esta é a versão desonesta do capitalismo", disse o prefeito de direita da cidade de Cholet, Gilles Bourdouleix, em declaração aos funcionários.  

"Hoje, estamos anunciando o fechamento de duas unidades e deixando mais de 1.200 funcionários sem trabalho para que a Michelin possa obter mais lucros e dar mais dividendos aos seus acionistas", protestou o representante sindical central da CGT (Confederação Geral do Trabalho), Romain Baciak. 

Fechamentos de fábricas preocupam a França

Apesar das justificativas do grupo francês sobre as dificuldades econômicas que está enfrentando e de suas promessas de realocar os funcionários em questão, o governo francês não demorou a reagir negativamente. 

Esses cortes de empregos são "obviamente extremamente preocupantes", disse Antoine Armand, ministro da Economia e Indústria da França, fazendo referência também a outro anúncio feito nesta terça-feira. O grupo atacadista francês Auchan, que emprega mais de 150 mil pessoas em 12 países, pretende cortar 2.389 empregos dos 53 mil na França, com o fechamento de cerca de dez lojas. 

O primeiro-ministro francês Michel Barnier disse na terça-feira que "discordava" da decisão do grupo automotivo Michelin de fechar suas unidades. "Não me orgulho (...) de uma política que destruiria empregos, jamais", acrescentando que estava "preocupado em saber o que foi feito nesses grupos com o dinheiro público que lhes demos".

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Além das duas fábricas na França, a Michelin também se prepara para fechar duas fábricas na Alemanha até 2025. 

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História da Michelin 

O gigante dos pneus, que desafia a Bridgestone pelo título de maior produtora de pneus do mundo, montou sua primeira fábrica em 1889 em Clermont-Ferrand. Inicialmente, 52 trabalhadores fabricavam pastilhas de freio para bicicletas. 

Ao longo do século 20, a Michelin acompanhou o desenvolvimento de bicicletas e, depois, de carros, e se tornou uma das multinacionais francesas mais conhecidas, com uma excelente reputação de pneus, vitórias na Fórmula 1 e em ralis e algumas jogadas de marketing famosas. 

O boneco Michelin, criado a partir de uma pilha de pneus e hoje um dos logotipos mais conhecidos do mundo, comemorou seu 125º aniversário em 2023. E o Guia Michelin continua sendo uma referência para os gourmets

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O grupo se concentrou em pneus de alta qualidade e agora tem vendas de € 28 bilhões, com mais de 130 unidades e 132 mil funcionários em todo o mundo até o final de 2023, incluindo 19 mil na França (em comparação com mais de 23 mil em 2013). 

E, embora o uso de pneus continue extremamente poluente, o fabricante está na vanguarda da pesquisa de novos materiais e tem como objetivo produzir apenas pneus feitos de materiais renováveis ou reciclados até 2050. 

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