Catedral de Notre-Dame se prepara para reabertura e recebe sino de Paris 2024
Cinco anos depois do incêndio que devastou Notre-Dame de Paris, a catedral, restaurada, se prepara para receber os primeiros visitantes em 7 de dezembro. Nesta quinta-feira (7), o sino dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, que soou para os vencedores das provas no Stade de France, foi instalado na igreja.
Quando as chamas devoraram, no dia 15 de abril de 2019, uma das maiores catedrais do Ocidente, tombada como patrimônio mundial da Unesco, a comoção foi global.
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Notre-Dame tem quase 1.000 anos. A construção da catedral, com suas impressionantes gárgulas, começou por volta de 1163 e durou dois séculos, até 1345.
Sua restauração, após o incêndio, durou cinco anos. A obra gigantesca, da qual participaram 250 empresas e centenas de trabalhadores, a um custo de quase € 700 milhões (cerca de R$ 4,4 bilhões), foi financiada pelos € 846 milhões em doações de 150 países.
Símbolo da renovação da catedral, a agulha, uma torre alta e pontiaguda que desabou durante o incêndio, foi erguida novamente, idêntica a que havia sido projetada pelo arquiteto do século 19, Eugène Viollet-le-Duc.
Embora ainda haja guindastes e andaimes em volta da catedral, o trabalho deve ser finalizado em breve, como afirmou à AFP o órgão público que supervisiona a obra.
Na esplanada junto ao rio Sena, os turistas, que ainda são separados da catedral por cercas com arame farpado em alguns pontos, se aglomeram diariamente para tentar ver os últimos retoques exteriores, incluindo a aplicação de um novo pavimento em azulejos de calcário em frente à grande porta principal.
Notre-Dame recebeu 12 milhões de visitantes em 2017. A diocese e o órgão público que a administra esperam receber "entre 14 e 15 milhões" após a reabertura, que incluirá nova sinalização, um plano de circulação redesenhado e um sistema de reservas online.
A ideia de cobrar a entrada dos turistas foi apresentada em outubro pelo governo francês, reacendendo o debate sobre o financiamento do patrimônio religioso.
Novo interior e sinos
Ao entrar na catedral, fiéis e visitantes encontrarão um eixo central, móveis litúrgicos completamente novos e minimalistas em bronze escuro, um muro-relicário contemporâneo de madeira de cedro e vidro formando uma auréola que abriga a suposta coroa de espinhos de Cristo. A catedral contará com nova iluminação e as paredes, escurecidas pelo incêndio e pelo tempo, recuperaram o brilho.
Os vitrais, que não foram danificados pelo fogo, foram limpos e restaurados e agora revelam as suas cores brilhantes, assim como as decorações pintadas das capelas de Viollet-le-Duc, que contrastam com o chão xadrez preto e branco.
O público também redescobrirá os grandes "mays" restaurados, grandes pinturas destinadas ao altar que eram encomendadas todos os anos no mês de maio a grandes artistas, entre 1630 e 1707, pela corporação de ourives que as doava à catedral.
O templo recuperou seus oito sinos e recebeu de presente nesta quinta-feira o sino usado no Stade de France durante os Jogos Olímpicos, acompanhado de outros dois, todos os três fabricados na França. Eles foram instalados na presença de monsenhor Oliver Ribadeau Dumas, reitor da Catedral de Notre-Dame, e de Tony Estanguet, presidente do comitê organizador de Paris 2024.
Papa ausente
Poucos detalhes foram divulgados até agora sobre a cerimônia de reabertura, no dia 7 de dezembro. O papa Francisco, inicialmente esperado, não vai comparecer.
O arcebispo de Paris, Laurent Ulrich, anunciou que o presidente Emmanuel Macron discursará na catedral no dia da reabertura e que o órgão, que foi "completamente desmontado, limpo e restaurado", voltará a ser tocado.
Uma missa será celebrada no domingo, 8 de dezembro, na catedral, para consagrar o novo altar. Após esta cerimônia, haverá outros eventos para agradecer a todos os que contribuíram para a restauração da igreja.
(Com AFP)