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Britânica morre após usar versão do Ozempic e autoridades alertam para risco do tratamento contra obesidade

08/11/2024 15h46

A morte de uma enfermeira britânica foi associada, pela primeira vez, ao uso de um tratamento contra a obesidade. O Reino Unido declarou querer expandir o uso desse tipo de medicamento, semelhante ao Ozempic, para diminuir a pressão sobre o sistema de saúde pública britânico, informou a BBC nesta sexta-feira (8). De acordo com o Secretário de Saúde do país, Wes Streeting, a obesidade custa anualmente 11 bilhões de libras ao setor de saúde pública.

Segundo o atestado de óbito, a enfermeira Susan McGowan, de 58 anos, morreu de falência múltipla de órgãos, choque séptico e pancreatite, com "o uso do tirzepatide prescrito" como um fator contribuinte, informou a mídia britânica.

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A molécula foi desenvolvida pela gigante norte-americana Eli Lilly, que comercializa o medicamento Mounjaro, um equivalente do agora famoso Ozempic.

Susan McGowan comprou o tratamento de venda livre em uma farmácia on-line, mas após a segunda injeção começou a sentir fortes dores de estômago e náuseas, de acordo com a BBC. Ela foi para o hospital Monklands, onde trabalhava na região central da Escócia, mas seus colegas não conseguiram salvá-la.

Quando questionada, a Eli Lilly disse que estava totalmente comprometida com o "monitoramento, avaliação e comunicação contínuos" sobre a segurança de seu medicamento.

Em meados de outubro, o governo britânico anunciou uma parceria com essa gigante empresa farmacêutica norte-americana, que planeja investir 279 milhões de libras (cerca de R$ 2 bilhões) no Reino Unido.

Seu medicamento Mounjaro "será muito útil para as pessoas que querem e precisam perder peso, e muito importante para a economia, para que as pessoas possam voltar ao trabalho", disse o primeiro-ministro britânico Keir Starmer na época.

Ensaio clínico

Um ensaio clínico de cinco anos está sendo realizado em Manchester para avaliar o impacto desse tratamento "na vida real". O protocolo de teste envolve 3.000 pessoas que sofrem de obesidade e que estão desempregadas, trabalhadores temporários ou em licença médica.

O MHRA, órgão regulador de medicamentos do Reino Unido, afirmou que o uso do novo medicamento estava sendo "monitorado de perto" para identificar possíveis riscos.

De acordo com dados de janeiro de 2023, 26% dos adultos na Inglaterra são obesos e 38% estão acima do peso, uma das proporções mais altas da Europa.

Sucesso mundial do Ozempic

A gigante farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, fabricante dos medicamentos de sucesso para diabetes e perda de peso Ozempic e Wegovy, divulgou no dia 6 de novembro fortes lucros relativos ao terceiro trimestre, apesar de ter sido prejudicada por restrições de produção.

A empresa mais valiosa da Europa e principal impulsionadora da economia dinamarquesa disse que espera que suas vendas para o ano de 2024 aumentem de 23% a 27% em relação ao ano anterior, revisando sua previsão anterior de 22% a 28%.

Em um comunicado, a empresa citou "a expectativa de crescimento contínuo do volume e limitações de capacidade em alguns locais de fabricação". O grupo informou um aumento de 21% no lucro líquido para 27,3 bilhões de coroas (US$ 3,94 bilhões) no período de julho a setembro.

As vendas aumentaram 22%, chegando a 60 bilhões de coroas, um pouco abaixo das expectativas dos analistas.

A Novo Nordisk está aumentando suas unidades de produção para acompanhar o aumento da demanda por sua nova geração de tratamentos eficazes para perda de peso usando semaglutides.

As vendas do Wegovy, que foi aprovado para o tratamento da obesidade na Grã-Bretanha, Dinamarca, França, Alemanha, Noruega e Estados Unidos, aumentaram 42% nos primeiros nove meses do ano. O Wegovy também foi aprovado para uso na China em junho.

As vendas do outro best-seller da empresa, o Ozempic - um tratamento antidiabético injetável que se tornou popular por suas propriedades de emagrecimento - aumentaram 54% no mesmo período.

Obesidade, crise de saúde global

A obesidade se transformou em uma crise de saúde global, afetando 900 milhões de pessoas em todo o mundo, incluindo mais de 40% dos norte-americanos e quase um quarto dos europeus. É também um fator de risco para o desenvolvimento de diabetes, algumas formas de câncer e complicações de outras doenças, como a Covid.

Difícil de tratar, a doença é cara para os sistemas de saúde e, embora suas causas possam estar relacionadas ao estilo de vida, ela também pode ser influenciada pela genética.

A Novo Nordisk detém 74% do mercado de tratamentos para perda de peso.

A World Obesity Federation (Federação Mundial de Obesidade) prevê que, até 2035, mais da metade da população mundial estará acima do peso ou será obesa, e o impacto econômico global poderá ultrapassar US$ 4 trilhões por ano.

(Com AFP)

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