Antes de último encontro com Biden, presidente chinês pede combate ao 'crescente protecionismo'
Durante sua intervenção na cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), presidente da China, Xi Jinping, encorajou seus parceiros da região a enfrentarem os "desafios da geopolítica, do unilateralismo e do crescente protecionismo". À margem do evento que acontece em Lima, no Peru, o líder vai ter ainda neste sábado (16) a última reunião bilateral com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, antes do fim do mandato do democrata.
Em janeiro, Donald Trump voltará à Casa Branca com a promessa de intensificar as guerras comerciais, direcionados principalmente ao México e à China, os principais parceiros comerciais dos Estados Unidos.
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"Devemos nos unir e cooperar", destacou Xi em declarações transmitidas pela rede estatal chinesa CCTV. O presidente chinês falou diante dos líderes das 21 economias que compõem a Apec. Ele insistiu para que os membros do grupo se mantenham firmes no multilateralismo, na abertura econômica e na busca pela integração regional.
Em seu discurso, Xi também incentivou seus parceiros a fortalecerem a cooperação em áreas de vanguarda, como inteligência artificial e computação quântica.
O presidente chinês havia declarado na sexta-feira (15) que qualquer tentativa de reduzir a interdependência econômica global seria "nada mais que um retrocesso". O mundo está entrando em uma fase de "turbulência e transformação", disse o líder chinês.
A China, a segunda maior economia do mundo, enfrenta diversos desafios para consolidar seu crescimento desde a pandemia de Covid-19.
Relevância da Apec
O Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) foi criado em 1989 para promover o livre comércio. A aliança de 21 economias, que representam 60% do PIB global, encerra seu encontro anual neste sábado com uma reunião de seus países membros, que incluem Japão, Coreia do Sul, Canadá, Austrália, Indonésia e México.
As discussões abordaram temas como "manter a relevância da Apec" e fortalecê-la "diante dos desafios globais que enfrentamos", disse a presidente peruana Dina Boluarte, ao receber convidados no Centro de Convenções de Lima.
O diálogo presencial entre Biden e seu homólogo chinês, previsto para começar às 16h locais (18h de Brasília), será o terceiro entre os líderes das duas maiores economias do planeta. "É uma oportunidade importante para marcar o progresso que tivemos na relação", afirmou o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.
Biden e Xi também participarão da cúpula do G20 na próxima segunda e terça-feira no Rio de Janeiro.
No campo econômico, as preocupações com o retorno de Trump se concentram em sua ameaça de aumentar as tarifas sobre todas as exportações para os Estados Unidos, as da China para até 60% e as do México para 25%.
Durante seu primeiro mandato (2017-2021), o republicano alimentou a guerra comercial entre as duas superpotências, que, no entanto, estabeleceram uma trégua em janeiro de 2020. Mas a escalada das tarifas sobre produtos chineses, como os microprocessadores, "não começou nem vai terminar com Trump", disse à AFP o analista peruano de assuntos internacionais Farid Kahhat.
Há apenas um ano, Washington e Pequim flexibilizaram a relação durante a reunião de cúpula da Apec em San Francisco, depois que alcançaram acordos antidrogas e para melhorar a comunicação militar. "Se você alcança um acordo com Biden, ele provavelmente cumprirá. O problema com Trump é que, como ele mesmo se orgulha, ele é imprevisível", afirma Kahhat.
Com informações da AFP