Uruguaios votam em 2º turno de eleição presidencial acirrada entre esquerda e centro-direita
Os uruguaios vão às urnas neste domingo (23) para o segundo turno de uma eleição para presidente que deve ter um resultado apertado. Concorrem ao cargo os candidatos Yamandu Orsi, da esquerda, apoiado por José "Pepe" Mujica, e Álvaro Delgado, que tem o apoio do presidente de direita Luis Lacalle Pou. O emprego e o aumento da criminalidade estão no centro das preocupações dos eleitores. Os locais de votação abriram às 8h e fecham às 19h30 do horário local.
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O ex-professor de história Yamandu Orsi, da coligação de esquerda Frente Ampla, terminou na liderança no primeiro turno em 27 de outubro com 43,9% dos votos. Ele ficou bem à frente do ex-veterinário, Álvaro Delgado, do Partido Nacional, de centro-direita, que obteve 26,8%, mas que pode contar com os votos de Andrés Ojeda, do partido Colorado (centro-direita), que ficou na terceira posição, com 16%.
Três institutos de pesquisa dão Orsi como vencedor, mas seguido de perto por Delgado. A diferença entre os candidatos diminuiu nos últimos dias antes da votação, enquanto 5% a 8% dos interrogados disseram que ainda estavam indecisos.
A eleição promete ser acirrada, como em 2019, quando Lacalle Pou venceu por cerca de 30.000 votos em 2,5 milhões registrados.
O Uruguai tem uma alta renda per capita e níveis baixos de pobreza e desigualdade, em comparação com o resto da América do Sul. No entanto, o emprego e a segurança foram colocados no centro das preocupações dos 3,4 milhões de habitantes do país.
Preocupação com emprego e violência
"Para os trabalhadores, os últimos cinco anos não foram nada bons. Fico na rua o dia todo e o que mais me preocupa é a insegurança", disse à AFP Gustavo Maya, vendedor de botijões de gás de 34 anos, eleitor de Orsi. "Vejo muitos roubos, cada vez mais homicídios e poucos policiais", afirma.
Para William Leal, pedreiro de 38 anos e eleitor de Delgado, a centro-direita é a melhor escolha para a questão do emprego. "Quero que este governo fique porque no setor da construção houve muito mais trabalho do que nos governos anteriores", disse.
A esquerda conta com o apoio de sua figura tutelar, José "Pepe" Mujica, ex-presidente (2010-2015) e ex-guerrilheiro torturado e preso durante a ditadura (1973-1985), para regressar ao poder após os anos de Tabaré Vasquez (2005- 2010, depois 2015-2020), que pôs fim à hegemonia da direita e da centro-direita.
Apesar dos 89 anos, da luta contra o câncer e da dificuldade de locomoção, Mujica aumentou suas aparições e reuniões para atrair o voto de jovens e indecisos que podem decidir a eleição.
Luis Lacalle Pou, eleito em 2020, não pode concorrer novamente apesar de um índice de popularidade de 50%, porque a Constituição uruguaia proíbe a candidatura a um segundo mandato consecutivo.
Sem divergências profundas
Pou prometeu uma transição "ordenada" no país mais estável da América Latina, com partidos com uma longa história e identidades claras. Seja quem for o vencedor, não há nenhuma divergência profunda de pontos de vista no âmbito econômico, a não ser o desejo de Orsi de desenvolver o comércio à escala regional, enquanto Delgado se inclina para acordos multilaterais.
Ambos os candidatos insistiram em relançar o crescimento e reduzir o déficit orçamental. Também se comprometeram a não aumentar a carga fiscal e preveem lutar contra o aumento da criminalidade ligada ao tráfico de drogas.
Nas eleições legislativas, também em outubro, a Frente Ampla conquistou 16 dos 30 assentos no Senado e 48 dos 99 na Câmara dos Deputados.
(Com informações da AFP)