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Edmundo González promete retornar à Venezuela para "tomar posse" no lugar de Maduro

03/01/2025 10h49

O opositor venezuelano Edmundo González Urrutia, que está exilado em Madri, deve chegar em Buenos Aires nesta sexta-feira (3). As autoridades venezuelanas oferecem uma recompensa de US$ 100 mil, o equivalente a R$ 620 mil, por informações que levem à sua captura. O líder opositor recebeu asilo na Espanha em setembro e prometeu retornar à Venezuela para "tomar posse" em 10 de janeiro no lugar de Nicolás Maduro.
 

Elianah Jorge, correspondente da RFI em Caracas

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Edmundo González está desde setembro na Espanha, onde obteve asilo político, após denúncias de que era pressionado pelo governo de Nicolás Maduro. O opositor é acusado de conspiração, instigação ao crime, usurpação de funções, e de falsificar documentos, entre outros crimes.

Já eram esperadas ações contra González, mas a recompensa de U$100 mil surpreendeu. Este valor equivale a duzentas mil vezes o salário mínimo venezuelano (cerca de U$ 2 ou o equivalente a R$ 12).

González, 75 anos, será recebido neste sábado (4) na Argentina pelo presidente Javier Milei. Ele convocou os cerca de 174 mil venezuelanos radicados no país para acompanhá-lo em uma concentração em frente à Casa Rosada, sede da presidência. 

Esta é a primeira vez que González será recebido em um país da América do Sul após a eleição. Ele ainda não divulgou quais países visitará antes de voltar à Venezuela, onde garante que estará para tomar posse, no próximo dia 10 de janeiro.

Manifestações

Com a chegada do dia da posse presidencial, o clima de tensão aumenta no país. Os defensores de Maduro garantem que estarão nas ruas para garantir e defender o terceiro mandato do presidente, que vai até 2031. Já os opositores parecem estar à espera da convocação de Maria Corina Machado e de Edmundo González para organizarem um protesto.

No entanto, há risco de repressão e de prisões arbitrárias. Em agosto do ano passado, o próprio presidente Nicolás Maduro anunciou que mais de duas mil pessoas foram presas nas manifestações pós-eleitorais. De acordo com a ONG Fórum Penal, até o momento mais de 1700 continuam detidas.

Maria Corina Machado vem dialogando com os eleitores da oposição nas redes sociais. Em uma mensagem divulgada dia 1° de janeiro, a líder opositora afirmou que após "anos de humilhações", "derrotamos com votos" e que o "bem triunfou".

Ela fez alusão aos mais de sete milhões de venezuelanos que estão fora do país, sugerindo que muitos voltarão à Venezuela. A opositora, que está há meses na clandestinidade e corre o risco de ser presa, apareceu em um vídeo com a roupa que costumava usar nas concentrações de rua.

Para a líder da oposição, "chegou a hora", da "derrota do regime". De acordo com ela, a falta de legitimidade da eleição de 28 de julho mostrou ao mundo a suposta falta de apoio ao governo de Maduro. Corina acredita que países críticos ao governo tomarão medidas para pressioná-lo em seu novo mandato.

Machado aposta que a população saia para protestar e que "toda a Venezuela se encontrará nas ruas" para cantar o hino venezuelano. A opositora garantiu que estará nas ruas junto a seus seguidores, sem dar maiores detalhes de como, quando e onde voltará a aparecer em público.

Fim do recesso na Assembleia

Neste domingo (5), a Assembleia Nacional voltará do recesso de fim de ano. O parlamento venezuelano, que é de maioria chavista, deve aproveitar a retomada das atividades anuais e próximas à posse para anunciar medidas favoráveis ao governo de Nicolás Maduro. 

Maduro garantiu que "ninguém impedirá que haja paz na Venezuela". Em um vídeo transmitido nesta quarta-feira (1), ele afirmou que "caminhamos para mais um ano vitorioso de celebração democrática, de mobilizações permanentes em defesa da paz, de consolidação da recuperação econômica e social e de trabalho para a construção do nosso novo modelo sustentável".

O presidente, que deverá ocupar a presidência por mais seis anos, garantiu que seu governo lutará porque este promete ser um ano "auspicioso, abençoado e feliz".

Maduro reforçou que o governo da Venezuela nunca mais cairá nas mãos de "um fantoche da oligarquia e do imperialismo". Segundo ele, em defesa da presidência, milhões de venezuelanos que o apoiam estarão nas ruas do país no dia da posse.

Reforma constitucional

O presidente também anunciou que trabalha em uma proposta de reforma da Constituição. Segundo ele, a meta é "democratizar todo o Estado e toda a sociedade" para avançar "em um processo de fortalecimento de uma nova forma de fazer política, uma nova democracia".

Por sua vez, a Missão de Investigação da ONU sobre a Venezuela lançou um alerta pelas redes sociais pedindo às autoridades que respeitassem o direito à vida, à liberdade e à segurança de todos e para que as pessoas presas arbitrariamente sejam soltas.

Já o governo do Brasil informou que o país será representado pela Embaixadora Glivânia Maria de Oliveira. O Brasil não reconhece os resultados da eleição de 28 de julho, quando o Conselho Nacional Eleitoral anunciou a reeleição de Nicolás Maduro sem ter apresentado as atas eleitorais que comprovem a vitória do atual presidente.

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