Cinco anos após Covid, China vive novo surto de doença respiratória e gera alarme nas redes sociais
Imagens de hospitais lotados, profissionais de saúde sobrecarregados e pacientes com dificuldades respiratórias. Isso traz à tona, para muitos, lembranças da pandemia de Covid-19, quase cinco anos após a China ter declarado a primeira morte relacionada à pandemia. A RFI fez um balanço do que se sabe até agora sobre o HMPV, que não é novo para os cientistas.
O trauma da pandemia de Covid-19 ainda está presente na mente das pessoas, por isso muitos boatos e falsas informações circulam sobre o vírus HMPV. Nas redes sociais, imagens de pacientes que não conseguem respirar, seguranças que lutam para manter a calma em um hospital chinês ou um homem que tem dificuldade em pronunciar a palavra "médico" contribuem para alimentar os boatos e o medo.
Caso a busca por informações se limite às postagens, é difícil não temer um retorno da "pandemia 2.0". Na Índia, por exemplo, os meios de comunicação destacam o número de novos casos da doença de nome complicado: metapneumovírus humano (MPVh ou HMPV). Já a televisão sul-africana eNCA cita um "vírus misterioso". As imagens que chegam da China dão a ideia de um cenário catastrófico.
Ao investigar imagens e informações sobre o vírus na China, jornalistas da France 24 identificaram pelo menos três fake news sobre o HMPV. Embora as imagens de pacientes vistas milhões de vezes pareçam reais e possam ter sido filmadas no hospital de Tianjin, nada confirma um suposto "pânico hospitalar".
Já a taxa de mortalidade de 43%, que também circulou na internet, corresponderia a um estudo realizado com pacientes com leucemia que receberam transplante. Finalmente, as imagens de profissionais de saúde com suas roupas de proteção são da pandemia de Covid-19.
Vírus identificado em 2001
Na realidade, não há nada de muito novo ou sequer preocupante, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). "Ele tem um nome bastante incomum, então isso pode ter gerado certo interesse. Mas não é um vírus novo, foi identificado pela primeira vez em 2001", explica Margaret Harris, porta-voz da OMS, em Genebra. "Ele já está presente na população humana há algum tempo. É um vírus comum, que circula no inverno e na primavera."
Os sintomas, por sua vez, são os de uma doença respiratória clássica. Para a maioria dos pacientes, a recuperação é rápida e apenas crianças e idosos correm o risco de desenvolver formas graves.
A população humana está exposta ao vírus há décadas, o que implica em um certo nível de imunidade coletiva. "Praticamente toda criança terá pelo menos uma infecção pelo HMPV antes de completar cinco anos", lembrou Paul Hunter, professor de medicina na Universidade de East Anglia, em entrevista à AFP.
Embora as autoridades chinesas informem, de fato, sobre um aumento nos casos, isso seria muito limitado e, principalmente, comum nesta época do ano. Kan Biao, responsável pelas doenças infecciosas no Centro Chinês de Controle e Prevenção de Doenças, reconheceu um aumento na detecção de doenças respiratórias infecciosas, mas "em uma escala e intensidade inferiores às do ano passado".
A gripe A e a Covid-19 também estão se espalhando, especialmente no norte da China, uma região com um inverno particularmente rigoroso. Margaret Harris descarta qualquer tensão ou pânico nos hospitais chineses."As autoridades relatam que as taxas de internação hospitalar estão, na verdade, mais baixas do que o habitual, estão atualmente mais baixas do que no ano passado e não houve declaração de estado de emergência, o que é muito importante ser destacado".
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