João Selva, 'embaixador da música brasileira na França', lança novo CD inspirado no Brasil

O músico brasileiro João Selva, carioca radicado na França desde 2010, acaba de lançar neste início de 2025 seu quarto CD "Onda", pelo selo francês Underdog Records. O novo trabalho do "trovador de Ipanema" ou "um dos melhores embaixadores da música brasileira", como define a imprensa francesa, continua a surfar em vários estilos musicais do "Atlântico negro".

Como sugerem o título "Onda" e a capa do CD, que reproduz o desenho do calçadão de Copacabana, o Brasil inspirou a maioria das dez músicas do disco, cheias de swing e com muito ritmo. "Onda" é vibrante e ensolarado como boa parte da obra de João Selva.

As composições são fruto do "reencantamento" do músico com o país natal que ele pode voltar a visitar depois do lockdown imposto pela pandemia de Covid. As músicas e letras, em parceria com Bruno Patchworks Hovart, foram feitas durante uma viagem no início de 2024, no período de pré-carnaval, pelo litoral do Nordeste brasileiro.

"Para mim, foi estranho ficar tanto tempo sem ir ao Brasil e o fato de voltar e me reencantar, olhar assim com olhos de criança de novo para o nosso país, as suas belezas, seus contrastes, foi realmente um momento que eu pude apreciar a alegria do povo brasileiro, essa coisa descontraída, esse humor que a gente tem e essa maneira também de viver o afeto de uma maneira diferente", lembra.

Uma única faixa, "Banho de Mar" foi escrita na França, na ilha du Levant, no Mediterrâneo, e duas são "baladas", mais calmas, sendo uma delas, "Rainbow Love", um duo com a cantora francesa Gabi Hartmann. João Selva revela que escreve "muita música calma, mas não as compartilha muito".

Nos shows, "eu gosto muito de botar o povo para dançar. Acho que é um pouco a minha herança da cultura tradicional. Eu venho da capoeira, do samba, do forró, e tem essa coisa da música ser uma maneira da gente extravasar, botar para fora, e a dança permite isso. Por isso, eu sempre boto um pouco de lado essas músicas mais calminhas que eu faço", conta.

Atlântico negro

"Onda" é o quarto CD solo do músico brasileiro, depois de "Natureza" em 2017, "Navegar" em 2021, e Passarinho em 2023. Todos contaram com a parceria e produção de Bruno Patchworks. "Eu tenho essa sorte de poder ter esse alter ego. Na música pop é uma coisa que está sempre voltando. A gente pode pensar em Paul McCartney e John Lennon, e tantos outros que se completavam e se estimulam mutualmente para criar", compara

O trabalho do brasileiro, que nasceu em Ipanema e é filho de um pastor de uma comunidade alternativa cristã, tem sucesso de público e de crítica. Na França, João Selva é chamado de "um dos melhores embaixadores da música brasileira" na França e de "trovador de Ipanema". Ele se sente "muito honrado" de estar representando esse universo tão rico e diverso da música brasileira.

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No entanto, o conceito que mais define o trabalho de João Selva é o de "Atlântico negro", desenvolvido pelo sociólogo inglês Paul Gilroy. "A gente pensa o Atlântico só como uma coisa que está separando a gente, mas é ao contrário. Ele introduz a ideia de que o Atlântico aproxima, na verdade, a África do Brasil, do Caribe, da Península Ibérica. Ele propõe um outro olhar do que esse olhar histórico do comércio triangular, dessas tensões, um olhar positivo pensado como trocas culturais. A gente no Brasil sabe muito bem disso", salienta.

No dia 25 de março, João Selva faz o show de lançamento de "Onda" na casa de espetáculos New Morning e convida a todos para esse "banho de mar" em Paris.

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