Ataque israelense mata grávida na Cisjordânia; militares se retiram de passagem que divide Gaza em duas
O Ministério da Saúde do Hamas afirma neste domingo (9) que as forças israelenses mataram duas mulheres palestinas, uma delas grávida de oito meses, na Cisjordânia ocupada. O exército de Israel diz que tinha "terroristas como alvo" na área. Os militares israelenses deixaram nesta manhã a passagem de Netzarim, que divide a Faixa de Gaza em duas.
Soundus Jamal Mohammad Chalabi, 23, foi morta antes do amanhecer no campo de refugiados de Nour Shams, de acordo com o ministério, que acrescentou que seu marido, Yazan Abu Chola, ficou gravemente ferido. A jovem morreu ao chegar ao hospital local. "As equipes médicas não conseguiram salvar a vida do bebê devido à ocupação [do exército israelense], o que impediu a transferência dos feridos para o hospital", acrescentou o ministério em um comunicado.
Questionado pela AFP, o exército israelense indicou que uma investigação sobre esses fatos foi aberta pela "divisão de investigações criminais da polícia militar".
O casal "estava tentando deixar o acampamento antes que as forças de ocupação entrassem. Eles foram baleados em seu carro, e a mulher e seu bebê foram martirizados, enquanto o marido ficou ferido", disse Murad Alyan, um membro do comitê popular do acampamento, à AFP.
O Ministério das Relações Exteriores da Palestina condenou o que descreveu como "um crime de execução cometido pelas forças de ocupação", acusadas de "atacar deliberadamente civis indefesos".
Rahaf Fouad Abdoullah Al-Ashqar, 21, foi morta em um ataque separado no campo, disse o Ministério da Saúde. De acordo com uma fonte do comitê popular do campo, ela morreu e seu pai ficou ferido quando "as forças israelenses usaram explosivos para abrir a porta da casa de sua família".
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O exército israelense disse à AFP que estava investigando as alegações. Tel Aviv informa que lançou uma operação no campo de Nour Shams na manhã de domingo, como parte de uma operação maior em andamento nos campos vizinhos de Tulkarem e Jenin.
"A Equipe de Combate da Brigada Ephraim iniciou operações em Nour Shams", disse o exército em um comunicado, acrescentando que os soldados "atacaram vários terroristas e prenderam outros indivíduos na área". Imagens da AFP na manhã de domingo mostraram escavadeiras militares abrindo caminho em frente a prédios aparentemente vazios no campo densamente povoado, que abriga cerca de 13 mil pessoas.
Pelo menos 70 palestinos foram mortos na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967, desde o início do ano, de acordo com o Ministério da Saúde Palestino. O número chega a 886 palestinos mortos em quase 16 meses de conflito, pelo exército israelense ou por colonos, de acordo com o Ministério da Saúde palestino.
Israel se retira de passagem em Gaza
Também neste domingo, o exército israelense se retirou do corredor Netzarim, que divide a Faixa de Gaza em duas e impede que os deslocados retornem ao norte. A saída dos militares dá sequência à frágil trégua entre Israel e o movimento islamista Hamas, que entrou em vigor em 19 de janeiro.
Assim que a retirada foi anunciada, filas quilométricas de carros, caminhões e carroças sobrecarregados se formaram, movendo-se em ambas as direções em meio a uma paisagem de ruínas.
Osama Abu Kamil, um homem de 57 anos que, deslocado pela guerra, teve que viver por mais de um ano em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, conseguiu retornar para sua casa em Al Maghraqa, um pouco ao norte do corredor. "Vou montar uma barraca para mim e minha família perto dos escombros da nossa casa. Não temos escolha", disse ele, acrescentando que "a vida em Gaza é pior que o inferno".
O corredor Netzarim era uma faixa de terra estabelecida por Israel que dividia o enclave palestino em duas partes, norte e sul, e que até agora era militarizado pelo exército israelense.
Com informações da AFP
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