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Para Adams, o que "importa" é superar a crise, e não vaga no STF

Juliano Basile

26/11/2012 20h05

O advogado-geral da União, ministro Luís Inácio Lucena Adams, avaliou como correta a decisão da presidente Dilma Rousseff de exonerar os servidores públicos investigados na Operação Porto Seguro da Polícia Federal, inclusive o ex-número dois da AGU, José Weber de Holanda, e disse que não está preocupado com o efeito do episódio sobre eventuais nomeações dele para o STF (Supremo Tribunal Federal) ou para a Chefia da Casa Civil.

"Essas cotações acontecem na mídia", afirmou Adams ao Valor PRO. "Eu continuo na AGU e estou bem na AGU. Por mais que me envaideça, não são algo central. Estão longe disso. Eu estou é preocupado com o meu trabalho".

Adams estava cotado para ser o novo ministro-chefe da Casa Civil, numa eventual reforma ministerial, ou para a vaga do STF que foi aberta com a aposentadoria do ministro Carlos Ayres Britto, em 18 de novembro.

Ele avaliou o episódio decorrente da operação da PF como uma "crise pontual". Nós temos que superá-la", enfatizou. "A medida da presidente foi corretíssima", continuou o advogado-geral, referindo-se às exonerações de quatro servidores. Segundo ele, o governo agiu com a cautela de obter informações, primeiro, para tomar a decisão de exoneração, em seguida.

O ministro é amigo pessoal de Weber de Holanda, a quem sempre qualificou como um "funcionário com boa trajetória profissional". Antes de ser o número dois da AGU, Holanda foi procurador-geral federal e chefe da Procuradoria do INSS. Adams contou que esperou pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) trancar ação penal contra Holanda, em 2009, para nomeá-lo.

"Tenho relação de confiança profissional, mas que não permite mais que ele possa continuar no cargo", disse o advogado-geral. "Não desconfiei de nada e espero que ele consiga mostrar que não é culpado", completou.

Holanda foi exonerado sob a suspeita de favorecer o ex-senador Gilberto Miranda (DEM-AM) num processo envolvendo a Ilha dos Bagres, no litoral de São Paulo. Miranda teria pedido para a AGU auxiliá-lo na definição da ilha como terra da União, e não do Estado de São Paulo. O ex-adjunto da AGU também é suspeito de ter ajudado Paulo Vieira, diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), que foi preso na sexta-feira pela PF.