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É necessário ousadia para melhorar o bem-estar dos funcionários

Richard Branson

10/04/2015 00h02

Uma pergunta que os novos empresários muitas vezes me fazem é: “Como devo tratar a minha equipe?”. Eles querem que seus funcionários sejam felizes e produtivos, mas não sabem como alcançar esse equilíbrio. Quanta responsabilidade eles realmente têm em relação à saúde física e mental dos trabalhadores? Que tipo de regalias precisam oferecer a fim de atrair e reter as melhores pessoas?

Nos últimos anos, algumas empresas têm procurado abordagens inovadoras para responder a estas questões, aproveitando os avanços da tecnologia e as mudanças na nossa sociedade. Muitos jovens, por exemplo, gostam de ter flexibilidade em relação ao local onde trabalham, portanto, algumas empresas oferecem aos funcionários a possibilidade de trabalhar a partir de casa. Outras empresas, como a Zappos, jogou fora toda a sua estrutura organizacional, juntamente com os títulos dos cargos!

Na Virgin, tomamos dois grandes passos ao longo dos últimos dois anos: agora oferecemos aos funcionários da nossa sede folgas ilimitadas e horários de trabalho flexíveis. Nossas equipes têm respondido com entusiasmo. Se o experimento continuar funcionando bem, tenho certeza de que muitas outras empresas dentro e fora do Grupo Virgin seguirão o exemplo. Essas políticas também ressaltam algo que nós da Virgin viemos discutindo há algum tempo: a importância do bem-estar dos funcionários. Nossos debates apaixonados e variados sobre as responsabilidades dos empregadores nesta área nos levaram a focar o nosso próximo fórum “Virgin Disruptors” em torno da questão: “Bem-estar no local de trabalho: a que preço?”.

O valor de se acompanhar o bem-estar, mesmo para além dos negócios, foi bem resumido por um palestrante que estará em nosso debate no final deste mês. Jim Clifton, CEO da Gallup, assinalou recentemente em nosso blog "Disruptors" que um dos poucos sinais de que a Primavera Árabe estava para acontecer há alguns anos poderia ser encontrado nos dados sobre o bem-estar na Tunísia e no Egito. Enquanto o Produto Interno Bruto em ambos os países parecia saudável entre 2008 e 2010, o descontentamento estava borbulhando sob a superfície.

“Quase todo mundo no mundo achava que esses países estavam bem”, escreveu Clifton. “Mas ninguém viu que o bem-estar estava mergulhando em ambas as sociedades. Dentro de duas décadas, as medições do bem-estar de nações, cidades e organizações tornar-se-ão tão ou mais importantes do que as medições econômicas tradicionais, como o PIB ou preços de ações -simplesmente porque são melhores sistemas de previsão”.

Então quais passos empresários e gestores devem tomar para melhorar o bem-estar dos funcionários em suas empresas? Cada empresa e sua equipe é um pouco diferente, então não quero sugerir uma solução genérica. A base das melhores iniciativas é tratar as pessoas com respeito e dar-lhes maior responsabilidade.

Minha dica principal: seja ousado. Não tenha medo de tentar coisas novas; apenas deixe que sua equipe saiba o que está fazendo. Em seguida, obtenha um feedback do pessoal. Se a medida não estiver funcionando, tudo bem revertê-la ou fazer alterações -você está à procura de soluções que funcionam para todos na empresa. Embora seja verdade que não é possível agradar a todos o tempo todo, dar às pessoas escolhas, em vez de um conjunto rígido de regras, irá garantir um sentimento de poder entre os funcionários.

E lembre-se de respeitar a individualidade de seus funcionários: seus compromissos familiares, atividades extracurriculares, diferentes requisitos de saúde e outros aspectos de suas vidas pessoais não devem ser vistos como bagagem. Afinal, empresas bem-sucedidas têm equipes diversas.

Eu tenho que dizer que tem sido interessante ver como um dos nossos mais novos negócios, a Virgin Hotels, moldou seu programa de bem-estar. Como a empresa tem sede em Chicago, uma cidade que é muito diversificada culturalmente, ela teve que cobrir uma diversidade de fatores. Aqui vão apenas alguns dos passos que a equipe tomou para assegurar que todos os funcionários do hotel estivessem felizes no trabalho: oferta de opções de alimentos saudáveis para o pessoal; aulas de ioga no hotel; a criação de um time de softbol; patrocínio de aulas de inglês para aqueles que não têm o idioma como primeira língua e um compromisso sério com o bem-estar mental dos funcionários.

Acima de tudo, tenha em mente que um negócio é um conjunto de pessoas -se o seu pessoal não estiver feliz e saudável, então o prognóstico de sua empresa tampouco será bom. Mas, se você se certificar de que eles têm o tempo e o apoio que necessitam, estará estabelecendo uma avenida para o sucesso deles e da empresa a longo prazo.

(O próximo debate “Virgin Disruptors será no dia 23 de abril. Assista ao vivo em Virgin.com às 15h no horário da costa oeste americana).

(As perguntas dos leitores serão respondidas em colunas futuras. Por favor, envie suas dúvidas para RichardBranson@nytimes.com. Por favor, inclua o seu nome, país, endereço de email e o nome do site ou publicação onde você lê a coluna.)

Como manter sua equipe feliz, saudável e produtiva

Veja como encontrar políticas que atendam às necessidades de seus empregados:

- Experimente: Não tenha medo de tentar novas ideias -e sempre mantenha sua equipe informada sobre o que você está fazendo.

- Tente e tente novamente: se uma medida der errado, não desista. Não há problema em fazer alterações ou tentar algo novo.

- Peça opiniões: obtenha feedback de sua equipe e certifique-se de encontrar soluções que funcionem para todos na empresa.

- Dar opções é primordial: não, você não pode agradar a todos o tempo todo. Mas, quando se dá opções às pessoas, em vez de um conjunto rígido de regras, elas se sentem mais capacitadas.

Tradutora: Deborah Weinberg