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O fundador da próxima Virgin do mundo precisa de nossa ajuda

07/05/2015 00h01

A geração mais talentosa de empreendedores que o mundo já viu está aguardando para ser liberada. Eu não tenho dúvida de que as pessoas que podem resolver os maiores problemas do mundo, e lançar empresas que prosperarão e provocarão uma disrupção no status quo, estão sonhando com tudo o que realizarão e ansiosas para começar.

Mas esses empreendedores potenciais precisam de alguma nutrição e apoio para que seus talentos se transformem em sucesso –e não apenas por parte de amigos, parentes e empreendedores experientes, mas também por parte do governo.

Quando escrevi sobre este assunto no meu blog no Virgin.com, um leitor, Peter Woodland, comentou: "Muitas pessoas talentosas nunca conseguem colocar suas ideias em prática, por não haver uma rede de segurança caso as coisas tomem um rumo inesperado negativo. Eu conheço pessoalmente alguns gênios que estão presos a uma rotina por temerem perder o pouco que têm". É um ponto válido e o fato de empreendedores potenciais enfrentarem esse tipo de dilema é decepcionante. Assim, muitos jovens talentosos optam por não lançarem um negócio, por sentirem que o sistema de apoio não é forte o bastante.

Eu passei muito tempo viajando a eventos em todo o mundo onde falei com jovens empreendedores. Com frequência, o assunto de como lançar uma empresa como a Virgin vem à tona. Apesar de achar que nós na Virgin somos únicos em nosso esquema e em nossa habilidade de trabalharmos em tantos setores, eu estou convencido de que o fundador da próxima empresa global pode estar sentado na plateia. Eu sempre encorajo qualquer um com uma ideia brilhante, capaz de fazer uma diferença positiva na vida das pessoas, a considerar seriamente dedicar seu tempo a ela, mas quando empreendedores potenciais se arriscam a anos de dívidas ou dificuldades caso seus negócios não vinguem, isso certamente pode impedi-las de dar os primeiros passos cruciais.

É aí onde o apoio do governo é absolutamente vital. Não dá para colocar um preço ao valor do impacto de uma comunidade empresarial vibrante sobre a economia. Quando empresas são abertas, empregos são gerados e as comunidades florescem. Isso é evidente em centros empresariais como o Vale do Silício e a Silicon Roundabout de Londres, mas também é possível ver isso acontecendo em uma escala menor em algumas cidades britânicas como Birmingham, Manchester e Leeds, onde ambientes empolgantes para startups proporcionaram o surgimento de maravilhosas novas empresas, imóveis, lojas e restaurantes.

Essas áreas estão prosperando em parte porque o governo britânico adotou a iniciativa de Empréstimos para Novas Empresas, que até o momento emprestou mais de 140 milhões de libras para 27 mil empresas. Como muitas boas ideias, ela começou muito pequena e cresceu rapidamente. Como parceira da iniciativa, a Virgin StartUp forneceu a quase 600 empreendedores acesso a empréstimos e orientação.

Disponibilizar empréstimos e orientação é um ótimo começo, mas há muito mais que governos podem fazer. Uma forma de ajudar é aumentando seus contratos com pequenas empresas locais. Se os governos e as grandes empresas tiverem políticas de apoio a novas empresas por meio de gastos, eles poderiam lhes dar um enorme estímulo.

Outra vitória fácil para os governos é ajudar fundadores potenciais de empresas por meio do patrocínio a eventos que gerem interesse e entusiasmo pelo empreendedorismo. Eles podem assumir várias formas, do estímulo à discussão por meio de debates, como fazemos em nossa série Virgin Disruptors, à promoção de ideias para novas empresas por meio da competições como a Pitch to Rich ("proponha ao rico") da Virgin Media Business.

O passo seguinte poderia ser fornecer lojas e espaços de escritório compartilhados para novas empresas. Locais centrais a preço acessível, transporte excelente e forte conectividade poderiam beneficiar enormemente novas empresas.

Novas empresas também precisam crescer em novos mercados. Em nossa era interconectada, os governos deveriam priorizar a organização de mais missões comerciais e o desenvolvimento de novas parcerias, fornecendo ao mesmo tempo oportunidades para empresários inexperientes participarem. Isso poderia ser muito produtivo, já que ganhariam experiência valiosa, aprenderiam novas habilidades e poderiam expandir para o exterior. Eu ainda aprendo muito com minha exposição a diferentes ideias e culturas por meio de viagens –os governos deveriam encorajar isso o máximo possível.

É claro, se os governos fornecem esses serviços e ninguém sabe a respeito deles, eles não funcionarão. Logo, as autoridades precisam assegurar que esses serviços sejam amplamente promovidos, para que os empreendedores potenciais saibam onde ir e o que fazer para começar. Talvez assim haja menos casos como os dos amigos de Peter, que temem abrir empresas, e mais exemplos de economias prósperas e comunidades onde os empreendedores contam com o apoio que precisam. É aí onde as próximas Virgins do mundo surgirão.

(Perguntas dos leitores serão respondidas em futuras colunas. Por favor, as envie para Richard.Branson@nytimes.com e inclua seu nome, país, endereço de e-mail e nome do site ou publicação onde leu a coluna.)

Uma política de apoio

Visando energizar as economias, é vital que os governos apoiem novas empresas, começando em um nível local e subindo até o topo. O que as autoridades podem fazer para criar ambientes onde novas empresas podem ser bem-sucedidas?

1. Investir: Disponibilizar empréstimos e orientação para jovens empreendedores que têm ótimas ideias com potencial de se tornarem empreendimentos bem-sucedidos.

2. Parceria: Os governos deveriam priorizar fazer negócios com novas empresas locais sempre que possível e patrocinar eventos que estimulem a discussão e a formação de contatos entre empreendedores.

3. Expandir: Em uma escala local, fornecer espaços centralizados e à preço acessível para novas empresas é um benefício importante. Os governos regionais e nacional também devem organizar mais missões comerciais no exterior, para encorajar pequenas empresas a encontrarem novos mercados.