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Como tive minhas melhores ideias

O bilionário britânico Richard Branson - Adrian Dennis/AFP
O bilionário britânico Richard Branson Imagem: Adrian Dennis/AFP

20/05/2015 00h01

A máxima "Bons artistas copiam; grandes artistas roubam" é atribuída a Picasso. Ao longo dos anos, muitas pessoas interpretaram isso erroneamente, como se o famoso pintor duplicasse descaradamente as ideias de outros artistas.

Mas isso não poderia estar mais longe da verdade. Há uma imensa diferença entre copiar e "roubar". Alguém que copia simplesmente reproduz algo, enquanto alguém que rouba pega uma interpretação existente e foge com ela. No final, ele a torna sua.

A máxima nos recorda que é muito raro alguém ter uma ideia realmente nova. Todos nós somos produto de nosso ambiente. Nós tomamos emprestado daqueles que vieram antes de nós  e nos beneficiamos das lições que eles aprenderam, ao trilharmos caminhos semelhantes. Colocando de modo simples, todos nós somos influenciados por todo mundo.

Steve Jobs, o cofundador da Apple, entendeu o que Picasso quis dizer. Como ele explicou em uma entrevista, "(Na Apple,) nós nunca tivemos vergonha de roubar grandes ideias".

Minha equipe e eu na Virgin desenvolvemos nossa marca nos apropriando de ideias: nós olhamos para setores onde um produto ou serviço existente deixa a desejar, preenchemos a lacuna com uma opção melhor, então colamos uma marca Virgin identificável nela. Vender discos, por exemplo, não era um conceito novo quando iniciamos a Virgin Records, mas encontramos uma forma de enxugar o processo e tornar a música mais acessível. Viagens aéreas certamente não eram uma novidade quando entramos no setor de aviação civil, mas elas não tinham atingido seu potencial pleno, especialmente em termos de atendimento ao cliente, de modo que sacudimos o setor ao nos concentrarmos em consertar isso.

Nossas melhores ideias geralmente vêm de nossa própria experiência, mas nos últimos tempos, eu venho utilizando tecnologia para nos ajudar a incubar grandes conceitos. Eu tento postar no meu blog pelo menos duas vezes por dia nos dias úteis, e uso plataformas de rede social como Facebook, LinkedIn, Google+, Twitter, Vine e Instagram para divulgar minhas mensagens. Com frequência, as postagens iniciam debates e geram retorno, queixas e mais conversa.

Nos últimos anos, essas conversas geraram muitas ideias provocantes. Eu adoro ler os comentários para ver que pedaços de informação podem se transformar em propostas de negócios inspiradoras.

Uma vantagem tremenda é que essas conversas ocorrem em todo o mundo. No passado, se eu precisasse entender a paisagem cultural de um país, era preciso comprar uma passagem aérea; hoje, basta checar meu blog. Apesar de algumas ideias de negócios que nascem das conversas online serem específicas para um pais, muitas podem cruzar fronteiras e têm o potencial de causar um imenso impacto global.

Quando não estou debatendo ideias pessoalmente ou checando os comentários em meus perfis online, eu gosto de visitar o site IdeaPod –-uma plataforma de rede social para compartilhar ideias e colaborar. Eu conheci os fundadores do site no final do ano passado e temos mantido contado desde então. Ao oferecer um espaço onde as pessoas podem trocar ideias entre si, o IdeaPod aumenta a chance de todos chegarem a conceitos capazes de mudar o jogo.

Há poucas semanas, eu entrei no site e notei uma discussão sobre em quais setores a Virgin deveria ingressar. As ideias variavam da produção de combustível de baixo carbono e tornar o compartilhamento de viagens de carro mais eficiente até o lançamento de programas de ensino online. Nós já lançamos alguns dos negócios mencionados pelos participantes do site; outras ideias despertaram meu interesse e podemos adotá-las mais à frente.

Se você é um empreendedor à procura de novas ideias, lembre-se que a inovação é uma busca sem fim, e poucos produtos e serviços são bons demais que não podem ser continuamente melhorados. Esse é o motivo para haver tanto o que aprender ao dar ouvido às esperanças, frustrações e pontos de vista das pessoas.

Assim, inicie um blog. Entre nas redes sociais. Visite um centro empresarial, um café ou um bar. Faça perguntas, inicie um debate, participe de uma conversa.

Então se pergunte: sobre o que as pessoas estão falando? Sobre o que seus amigos e parentes estão conservando? Quais são suas paixões? Que questões estão atualmente gerando notícias? O que disse aquele artigo interessante que você leu outro dia? E como isso pode ser aplicado ao produto ou serviço?

Se você mantiver olhos e ouvidos abertos, certamente encontrará algumas ótimas ideias. Mas lembre-se: não as copie; faça com que se transformem em suas.

(Perguntas dos leitores serão respondidas em futuras colunas. Por favor, as envie para Richard.Branson@nytimes.com e inclua seu nome, país, endereço de e-mail e nome do site ou publicação onde leu a coluna.)

3 formas de gerar ideias

Ideias realmente originais são raras, então quando buscar inspiração, você pode estimular sua imaginação tentando descobrir como tornar melhor um produto ou serviço existente. Você pode iniciar esse processo online ao:

–Iniciar conversas nas redes sociais. Os comentários que gerar podem levar à inspiração.

–Participar de conversas. Da mesma forma, ler e responder aos comentários de outras pessoas pode levar a considerações nas quais você não tinha pensado.

–Quando procurar formas de melhorar o produto ou serviço, tenha essas questões em mente: Sobre o que seus amigos e parentes estão conservando? Quais são suas paixões? Que questões estão atualmente gerando notícias? Como isso muda a forma como você vê o produto ou serviço?