Geleiras da Groenlândia derretem mais devagar, detecta estudo
Um estudo realizado ao longo de dez anos sobre as geleiras da Groenlândia sugere que elas podem estar derretendo mais lentamente do que se pensava, e sendo assim, a elevação do nível do mar seria menos pronunciada do que o previsto nos piores cenários, segundo estudo divulgado na última quinta-feira (3).
A rapidez no derretimento das geleiras depende, em grande medida, da rapidez com que estes se movem, demonstrou a pesquisa publicada na revista Science, que mostra que este fenômeno levaria a um aumento de 0,8 metros do nível do mar em 2100 e não de dois metros, como alguns cientistas afirmaram anteriormente.
Os cientistas examinaram dados coletados entre 2000 e 2011 de satélite de Canadá, Alemanha e Japão, e descobriram que as maiores geleiras da Groenlândia, que terminam em terra firme, se movem mais lentamente, entre 9 e 100 metros por ano.
As geleiras que terminaram em plataformas de gelo se movem mais rapidamente, de 305 metros a 1,6 quilômetro por ano.
"Até agora, estamos vendo um aumento da velocidade, em média, de cerca de 30% em 10 anos", disse a principal autora do estudo, Twila Moon, doutoranda da Universidade de Washington.
As geleiras que se movem mais rapidamente liberam mais gelo e água de degelo nos oceanos do que os que se movem lentamente.
Moon decidiu fazer seu estudo em face da grande variação das estimativas anteriores sobre a velocidade de derretimento das geleiras da Groenlândia, que calculam de 10 a 48 centímetros de aumento no nível do mar até 2100.
Segundo ela, uma boa compreensão do que acontece é necessária para entender os efeitos das mudanças climáticas.
No entanto, embora o estudo tenha esclarecido como as geleiras se movem e derretem segundo diferentes velocidades, ainda restam muitas perguntas sobre como isto pode afetar o nível do mar nas décadas futuras.
"Faz-se a advertência de que um estudo de 10 anos é muito breve para entender realmente o comportamento a longo prazo", argumentou o co-autor do estudo, Ian Howat, professor assistente da Ohio State University.
"Assim, poderiam ocorrer eventos futuros - pontos de inflexão - que fariam com que a velocidade (de derretimento) das geleiras continuasse aumentando", acrescentou.
"Ou talvez algumas das grandes geleiras no norte da Groenlândia, que ainda não mostraram nenhuma mudança, comecem a acelerar sua velocidade (de derretimento), o que aumentaria a taxa de elevação do nível do mar", informou.
A pesquisa foi financiada pela agência espacial americana (Nasa) e pela Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos.
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