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Astrônomos descobrem exoplaneta em que neva protetor solar

Do UOL, em São Paulo

01/11/2017 17h10

Astrônomos norte-americanos descobriram um exoplaneta gigantesco --seis vezes a massa de Júpiter (o maior planeta do Sistema Solar)-- e bastante quente --com temperaturas de até 2.760ºC (o mais quente do Universo). Mas o que mais chama atenção nesse misterioso mundo é que por lá neva dióxido de titânio, um dos ingredientes ativos do protetor solar. 

O problema é a que a precipitação do filtro solar, como aponta o estudo publicado na revista científica "The Astronomical Journal", só acontece no lado noturno (e que nunca é iluminado por sua estrela hospedeira) do planeta chamado de Kepler-13Ab.

"Os ventos poderosos transportam o gás de dióxido de titânio para o lado mais frio do planeta, onde se condensa em flocos cristalinos, forma nuvens e precipita como neve. A forte gravidade da superfície de Kepler-13Ab tira a neve de dióxido de titânio da atmosfera superior e a aprisiona na atmosfera inferior", explicou o estudo.

A descoberta dessa neve nada convencional foi por acaso. Os astrônomos identificaram que a atmosfera do planeta gigante é mais fria em altitudes mais altas, algo contrário do esperado. Esta descoberta, portanto, os levou a concluir que uma forma gasosa absorvente de dióxido de titânio, comumente encontrada na classe de planetas extrassolares chamados de "júpiter quente", foi removida da atmosfera do dia.

Normalmente, segundo os astrônomos, o dióxido de titânio nas atmosferas desses planetas absorve a luz e reflete calor, tornando a atmosfera mais quente a maiores altitudes. É a primeira vez que esse processo de precipitação, chamado de "armadilha fria", foi detectado em um exoplaneta.

Características do Kepler-13Ab 
Kepler-13Ab - Nasa - Nasa
A comparação do Kepler-13Ab com cinco planetas do Sistema Solar
Imagem: Nasa

O Kepler-13Ab, localizado a 1730 anos-luz da Terra, foi observado a partir do Telescópio Espacial Hubble da NASA. A partir dessa observação, descobriu-se também que o exoplaneta está muito próximo de sua estrela hospedeira e um ano ali (volta na órbita) equivale a 1.8 dia da Terra.

Essa proximidade, como aponta o estudo, também favorece a sincronização de sua órbita. Ou seja, um de seus lados fica cara a cara para a estrela, enquanto o outro vive em uma escuridão contínua.