Planta carnívora cria estratégia para capturar formigas
Uma planta que se alimenta de insetos nativa da ilha de Bornéu, na Ásia, é a prova de que não é preciso ter cérebro para ser inteligente. Cientistas descobriram que a planta usa as variações climáticas para tornar sua superfície mais ou menos escorregadia para conseguir capturar e devorar grandes quantidades de formigas de uma vez só, em vez de se contentar com indivíduos isolados.
A planta estudada é da família Nepenthes e tem armadilhas no formato de jarros para capturar suas presas. Quando a borda da planta se torna úmida, ela fica escorregadia e as formigas que estão andando na superfície caem e se tornam alimento da planta.
Já nos dias quentes e ensolarados, a superfície fica seca e se torna segura para os insetos. As formigas isoladas coletam néctar da planta, chamando toda colônia para fazer o mesmo.
As formigas formam sua trilha em busca de comida e, assim que um grande número delas está circulando pela planta, caem na armadilha, pois o vegetal torna sua superfície escorregadia de um momento para outro. Ao deixar as formigas "pioneiras" escaparem, a planta captura uma quantidade muito maior de presas de uma vez só.
Para controlar quando a armadilha se torna escorregadia, a planta excreta um tipo de néctar que prepara a superfície para se tornar úmida por meio da condensação, quando a umidade do ar está baixa. Isso faz com que a armadilha seja ativada no período da tarde, quando muitos insetos diurnos ainda estão "trabalhando".
"Claro que a planta não é esperta no sentido humano --ela não pode planejar. No entanto, a seleção natural é implacável e só premia as estratégias mais bem-sucedidas", afirma a bióloga Ulrike Bauer, da Universidade de Bristol, que liderou o estudo publicado na revista "Proceedings of the Royal Society B".
As plantas insetívoras geralmente crescem em habitats pobres em nutrientes, por isso precisam capturar presas para se alimentar. "O que superficialmente parece uma queda de braço entre ladrões de néctar e predadores mortais pode, de fato, ser um caso sofisticado de benefício mútuo", diz Ulrike. "Desde que o ganho de energia (comendo o néctar) seja maior do que a perda de formigas operárias, a colônia de formigas se beneficia da relação tanto quanto a planta."
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