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Brasil vai antecipar cumprimento de metas do Acordo de Paris, diz ministro

O ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, afirmou que o país está "dando passos largos no cumprimento do compromisso brasileiro com a queda no desmatamento na Amazônia e Cerrado" - Wikipedia/Divulgação
O ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, afirmou que o país está "dando passos largos no cumprimento do compromisso brasileiro com a queda no desmatamento na Amazônia e Cerrado" Imagem: Wikipedia/Divulgação

Rodrigo Viga Gaier

Da Reuters, no Rio

01/10/2018 20h31

O Brasil está próximo de anunciar a antecipação do cumprimento das metas previstas no Acordo de Paris e pretende ampliá-las, disse à Reuters o ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, sobre o acordo que prevê a redução nas emissões de gases poluentes que afetam a temperatura do planeta.

Segundo ele, o governo vem negociando com vários setores da economia para viabilizar o anúncio o mais breve possível.

Ele citou como setores essenciais para o cumprimento da meta prevista no acordo do clima os setores de produção de soja e criação de gado. A redução do desmatamento nesses dois segmentos, independentemente das emissões da indústria, já seria suficiente para atingir as metas do acordo do clima, de acordo com o ministro.

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"Além de cumprir o acordo, o Brasil está trabalhando para reduzir seus prazos e quem sabe ampliar a sua meta, que já é bastante ousada", disse ele à Reuters.

A antecipação do cumprimento das obrigações e uma possível nova meta são guardadas a sete chaves pelo ministro, mas um anúncio pode ser feito pelo governo após as eleições de outubro.

"Pelos nossos cálculos estamos dando passos largos no cumprimento do compromisso brasileiro com a queda no desmatamento na Amazônia e Cerrado. São passos muito seguros", afirmou Duarte.

"Se nós anteciparmos, é possível pensar nos prazos estabelecidos pelo Brasil para 2025 e 2030", acrescentou.

O Brasil comprometeu-se a cortar as emissões de gases do efeito estufa em 37 por cento até 2025, e possivelmente em 43 por cento até 2030.

O ministro disse que com a criação de novas unidades de conservação no país e redução de desmatamento, o Brasil está conseguindo ao longo dos últimos dois anos retirar mais de 2,6 bilhões de toneladas de dióxido de carbono da atmosfera.

Na semana passada, o Ministério do Meio Ambiente e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançaram um programa de 2,2 bilhões de reais para fomentar a geração solar e eólica no país. O programa é voltado para pessoas físicas e empresas de todos os portes.

O Acordo de Paris foi aprovado por 195 países em 2015 e tem como uma de suas principais metas reduzir a emissão de gases do efeito estufa, de forma a evitar o aquecimento global. Em junho deste ano, os Estados Unidos saíram do acordo por decisão do presidente Donald Trump, que havia prometido retirar o país do pacto internacional durante sua campanha presidencial.

O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, afirmou que poderia retirar o Brasil do Acordo de Paris, caso os compromissos firmados fossem mantidos. Segundo ele, as obrigações ferem a soberania nacional.

A declaração do candidato foi criticada pelo ministro do Meio Ambiente. "Questionar o Brasil com relação ao Acordo de Paris é questionar a competitividade nacional e colocar em risco os negócios do Brasil sobretudo de exportações", disse ele.