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"Obras não ficam prontas em 24 horas", diz Alckmin; governo promete investir R$ 800 mi

Maurício Savarese <br> Do UOL Notícias

Em São Paulo

11/01/2011 16h53Atualizada em 12/01/2011 15h05

Em uma entrevista coletiva tumultuada, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou nesta terça-feira (11) que o combate às enchentes que afetam o Estado nos últimos dias demanda obras que "não ficam prontas em 24 horas". Ao lado do prefeito Gilberto Kassab (DEM), ele estimou em R$ 800 milhões os gastos com dragagem nos próximos anos, sendo que parte dessa quantia já estava destinada ao setor pela gestão de José Serra.

Alckmin e Kassab repetiram que as chuvas em São Paulo nos últimos dias foram "excepcionais" e comemoraram a falta de alagamento em algumas regiões críticas da cidade. Mas o governador admitiu que neste momento os trabalhos são dificultados pelas chuvas.

"No período das águas, a obra de dragagem continua, mas ela retira pouco”, disse Alckmin após reunião com secretários municipais e estaduais. “Vamos fazer o máximo ao longo do ano pelo desassoreamento [dos rios e córregos do Estado].” O governador anunciou reforço à prefeitura da capital com 50 caminhões para limpar bueiros e outros 10 veículos para lavar ruas.

Houve investimentos suficientes em SP?

No cálculo dos R$ 800 milhões, Alckmin incluiu  R$ 170 milhões em desassoreamento dos rios Tietê e Pinheiros, R$ 190 milhões em um sistema de bombas de dragagem, mais de R$ 100 milhões em piscinões e cerca de R$ 330 milhões no parque de várzeas do Rio Tietê, cuja primeira etapa está prevista para o fim de seu mandato, em 2014.

A principal medida anunciada pelo governador foi a da aceleração do desassoreamento dos rios Tietê e Pinheiros. A ação seria feita em dois anos para remover 2,1 milhões de metros cúbicos de detritos do Tietê e 1,5 milhão de metros cúbicos do Pinheiros. O governo paulista, no entanto, promoverá um esforço dobrado para atingir a meta no fim deste ano, ao custo de cerca de R$ 170 milhões. "O desassoreamento é eterno", resumiu Alckmin.

Além disso, Alckmin e Kassab anunciaram ajuda de R$ 1.000 a moradores de áreas de risco afetadas pela enchente. Cinco mil habitações devem ser construídas para os prejudicados, disse o governador.

Prejuízos e mortes

Em todo o Estado de São Paulo, a chuva da madrugada já provocou a morte de 23 pessoas, segundo a Defesa Civil. O Corpo de Bombeiros retirou na tarde desta terça-feira (11) mais três corpos dos escombros de um deslizamento de terra que atingiu seis casas no bairro Rio Comprido, em São José dos Campos (91 km de São Paulo), no Vale do Paraíba. Ao todo, cinco mulheres morreram no local. Elas tinham 54, 40, 29, 11 e 3 anos, respectivamente. As buscas pelos desaparecidos no local foram encerradas.

Além das cinco mortes em São José dos Campos, três pessoas morreram em um soterramento em Mauá, que também deixou dois feridos; duas pessoas, mãe e filha, morreram no bairro do Jaçanã, na zona norte da capital paulista, após o desmoronamento da casa onde estavam; uma pessoa morreu soterrada em Embu, em região próxima ao bairro do Capão Redonda, na zona sul de São Paulo; um afogamento foi registrado  em Mogi das Cruzes; e um sem-teto foi arrastado pela enxurrada na avenida Nove de Julho, na capital, e morreu afogado. O homem foi socorrido à Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos.

Quantidade de chuva

A chuva que atinge a cidade de São Paulo desde o início do ano já soma 93% do esperado para todo o mês de janeiro, segundo o CGE.

De acordo com o órgão, desde segunda-feira (10) até às 7h de hoje (11), choveu em média na capital 68,8 mm, o equivalente a 29% para o mês de janeiro. No acumulado do mês, choveu na cidade 221,2 mm, o que equivale a 93% do esperado para o mês, que é de 239 mm.

Em 2010, o volume de chuvas em janeiro foi de 157,3 mm, apenas 66% do esperado para todo mês de janeiro.

Os meteorologistas do CGE afirmam que, no ano passado, houve chuva todos os dias, o que não deve acontecer neste ano.