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"A ficha ainda não caiu", diz um dos fundadores da Grande Rio sobre incêndio na Cidade do Samba

Fabíola Ortiz<br>Especial para o UOL Notícias<br>No Rio de Janeiro

07/02/2011 09h20

Carnavalescos e autoridades das escolas de samba do grupo especial do Carnaval do Rio de Janeiro que tiveram seus barracões atingidos por um incêndio na Cidade do Samba nesta manhã de segunda-feira (7) já começam a contabilizar os prejuízos.

Ele admitiu que é difícil recomeçar tudo faltando um mês para o Carnaval.

“Eu sou otimista, se tiver alguma coisa para fazer, nós vamos fazer. Não vamos passar em branco nesse Carnaval. Nem que a gente tenha que mobilizar a comunidade inteira”, destacou o diretor de barracão.

“O problema não é só ter queimado tudo, é também a estrutura. Onde nós vamos construir tudo de novo?”, disse o carnavalesco Cahê Rodrigues.

Paulo Machado, contudo, disse que não tem como voltar ao barracão na Cidade do Samba e terão que utilizar outro espaço. “Está tudo desabando aqui”.

Ele disse que a escola tinha um esquema anti-incêndio, mas que aparentemente não funcionou. “Tinha água e portas contra incêndio, mas parece que nem na União da Ilha e nem na Portela isso funcionou”.

União da comunidade

Se for preciso, a comunidade inteira da escola de Duque de Caxias irá se mobilizar para reconstruir o Carnaval na reta final. É o que garante o jovem passista da escola Marcelo Amorim Thomaz, 29, há quatro como dançarino.

“Estou triste. Eu soube do incêndio por um amigo e agora foi tudo, pegou fogo mesmo. Já tiveram outros incêndios, mas não na Cidade do Samba”, contou Marcelo ao UOL Notícias.

A Cidade do Samba foi construída para concentrar a montagem e produção do Carnaval das escolas de samba do Grupo Especial. Era uma forma de melhorar as condições de infraestrutura e evitar os constantes acidentes e incêndios que ocorriam.

“Não sei o que vai ser do Carnaval. É uma opção ocupar a quadra em Duque de Caxias”, disse Marcelo para quem a escola vai ter que mobilizar toda a comunidade. “Está todo mundo sem saber o que fazer. Mas a gente vai ajudar”, garantiu.

A mais jovem escola de samba do Grupo Especial do Carnaval no Rio de Janeiro, a Acadêmicos do Grande Rio, apostava na inovação e na perfeição dos detalhes para levar o título de escola campeã do Carnaval 2011.

Com apenas 22 anos de história e recém conquistada a maioridade, a agremiação vai apresentar um enredo em homenagem à Florianópolis com o desafio de tirar o atraso de cinco décimos que deixou a escola em segundo lugar atrás apenas da Unidos da Tijuca em 2010.

Portela também lamenta perdas

Muitos profissionais do Carnaval foram pegos de surpresa com a notícia do incêndio. “Estou indo agora para a Cidade do Samba, mas as informações que me chegaram até agora são de que o fogo começou no 4º andar, uma parte separada da ala das alegorias, se espalhou pela Liesa, pelo barracão da União da Ilha, chegou na Portela e tomou grandes proporções na Grande Rio”, disse ao UOL Notícias o carnavalesco da Portela, Roberto Szaniecki.

“Parece que as nossas alegorias não foram muito atingidas, mas ainda não sei dizer, não posso precisar a dimensão. As nossas 2.000 fantasias queimaram”, lamentou Szaniecki.

O carnavalesco, que este ano assina o enredo “Rio, Azul da Cor do Mar" da escola de Madureira (subúrbio do Rio de Janeiro), disse que não imaginava que pudesse ocorrer um acidente como esse devido aos cuidados que a agremiação mantinha para prevenir incêndios, já que a Cidade do Samba reúne muito material inflamável e químico para a confecção de alegorias.

“Tomamos muito cuidado com tudo. O prejuízo é grande. É um momento preocupante. O Carnaval já estava todo pronto e ainda vamos ter que ver o que fazer neste um mês que falta para o Carnaval”.

Segundo Szaniecki, para 2011 a Portela tinha conseguido colocar o cronograma em dia. “Faltava a finalização de algumas alegorias apenas”.