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Estudante que teve braço quebrado ao recusar beijo em boate de Natal deve processar agressor

Aliny Gama

Especial para o UOL Notícias <br> Em Maceió

15/10/2011 08h58Atualizada em 13/11/2014 11h36

A estudante de direito Rhanna Cristina Umbelino Diógenes, 19, deverá processar o jovem Rômulo Lemos, 22, por lesão corporal grave por ter quebrado o antebraço depois que se recusou a beijar o rapaz, que era um desconhecido, na pista de dança de uma boate no bairro de Ponta Negra, em Natal (RN).

A agressão ocorreu na madrugada do dia 30 de setembro, mas foi na quinta-feira (13) que as imagens registradas pelo circuito interno de segurança da boate foram parar na internet. A jovem abriu um boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher para identificar o agressor. A família dela aguarda o resultado das investigações para ingressar com processo na Justiça.

“As imagens mostram claramente a agressão física contra Rhanna, não tem nem o que contestar. Se houve uma agressão verbal da parte de Rhanna quando ela recusou a beijar o rapaz jamais se justificaria uma violência daquelas. O rapaz já foi identificado pela polícia e somente depois da conclusão do inquérito é que vamos ingressar com uma ação”, afirmou o advogado de Rhanna, Sanderson Mafra. Segundo ele, a família da jovem não teve acesso às imagens, que estão postadas na internet e foram entregues diretamente pela direção da boate à polícia.
 

A estudante teve os ossos rádio e ulna quebrados em duas partes e teve de se submeter à uma cirurgia para implantar duas placas de titânio e 14 pinos para fixar o metal no antebraço, em um hospital particular de Natal. Segundo Mafra, devido aos problemas de saúde, Rhanna perdeu várias provas e não pôde comparecer ao estágio. “Apesar dela agora estar bem de saúde, ainda não consegue ir à faculdade nem ao estágio com o braço operado”, disse.

Segundo as imagens, Rhanna Diógenes está na pista de dança com três amigos quando o rapaz se aproxima. Ela o empurra após supostamente ser assediada por um beijo e com a recusa, a jovem é xingada pelo agressor. Dois amigos tentam segurá-la, mas a jovem consegue pegar na gola da camisa de Rômulo Lemos. O rapaz tira a mão da jovem com as duas mãos parecendo usar técnicas de artes marciais, e em seguida Rhanna cai no chão. Uma roda se abre na pista de dança e Rômulo foge ligeiro com um amigo. A jovem continua caída desmaiada no chão enquanto é socorrida por amigos.

“Houve dois momentos em que o rapaz tentou beijar Rhanna. O primeiro foi quando ela estava conversando com uma amiga num sofá da boate e o rapaz se aproximou. No outro, ela o encontrou na pista de dança e ele começou a xingá-la depois que ela se recusou novamente a beijá-lo”, contou Mafra.

A defesa

O advogado de Rômulo Lemos, Durvaldo Varandas, afirmou ao UOL Notícias que seu cliente não nega que houve uma discussão, mas que não teve a intenção de quebrar o braço da garota quando retirou a mão dela da gola da camisa. “A quebra do braço da moça foi uma fatalidade. Meu cliente disse que não teve a intenção de machucá-la, apenas tirou a mão dela para ir embora. Acreditamos que ela escorregou e caiu. Ela pode ter caído por cima do braço e quebrado sozinha. Foi uma fatalidade”, defendeu, acusando Rhanna de ter jogado um copo de bebida no rapaz antes de a confusão acontecer. Nas imagens, a camisa de Lemos aparenta estar seca e sem manchas.

Segundo ele, Lemos está assustado com supostas ameaças que ocorreram depois da agressão à garota. “Não posso dar muitos detalhes, mas na madrugada que aconteceu essa fatalidade, quatro homens chegaram na portaria do prédio do meu cliente e ameaçaram o porteiro com uma arma para que ele dissesse qual o apartamento que Rômulo morava”, disse Varandas, sem saber informar se a suposta ameaça teria sido registrada por câmeras do prédio. “O porteiro já prestou depoimento à polícia”, adiantou.

Varandas informou ainda que tentou conversar com a família de Rhanna para prestar auxílio à jovem, mas sequer os parentes da jovem o receberam. “O problema é que essa jovem é filha de um advogado influente aqui em Natal e a família quer fazer confusão. Meu cliente não é um playboy como andam dizendo por aí. Ele apenas se defendeu de uma agressão e a jovem quebrou o braço com uma fatalidade.”

O advogado do suposto agressor não quis comentar o conteúdo das imagens do circuito interno da boate porque "elas não retratam a realidade, foram editadas e não mostram a provocação que Rhanna fez ao meu cliente antes. Queremos que sejam divulgadas as imagens completas, sem edição. Só assim iremos comentar", afirmou Varandas.

O UOL Notícias tentou contatar o pai de Rhanna, o advogado Kennedy Diógenes, mas os dois telefones celulares dele estavam desligados ou fora da área de cobertura. Segundo uma pessoa do escritório de Diógenes, que pediu para não ser identificada, o advogado estaria viajando a negócios aos Estados Unidos e Canadá.