Topo

Contra novo Código Florestal, mulheres do MST fazem ações em 14 Estados e no DF

Do UOL, em São Paulo

08/03/2012 17h08

Mulheres ligadas ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), Via Campesina e outros movimentos sociais realizam, desde o início da semana, ações em 13 Estados e no Distrito Federal. Além das pautas específicas de cada Estado, o principal alvo da jornada é o projeto do novo Código Florestal, que será votado na próxima terça-feira (13) na Câmara dos Deputados.

As manifestantes pedem que a presidente Dilma Rousseff vete as alterações aprovadas no Congresso. As críticas recaem, sobretudo, à anistia que será concedida aos proprietários de terra que não respeitaram o percentual de reserva legal, caso a proposta seja aprovada. Outro argumento é que o novo Código Florestal diminuirá a proteção das áreas preservadas, aumentando o desmatamento.

A mobilização também questiona o uso de agrotóxicos nas lavouras e exige que os governos estaduais e federal acelerem a reforma agrária. Quanto às pautas feministas, as manifestantes denunciam a violência contra a mulher e reivindicam melhor atendimento às mulheres no sistema de saúde pública.

Veja abaixo as ações realizadas no Estados;

São Paulo

Cerca de 500 mulheres do MST e de outras organizações protestaram frente ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), no centro da capital, na manhã desta quinta. Elas acusam o judiciário de impedir a desapropriação de áreas para a criação de assentamentos.

A desapropriação do Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), em janeiro deste ano, também foi lembrada no ato: segundo as manifestantes, o judiciário, o governo do Estado e a Polícia Militar agiram para beneficiar o investidor Naji Nahas, proprietário da área, em detrimento das 1.600 famílias que residiam na comunidade.

Ainda na capital, cerca de 200 manifestantes de movimentos de moradia realizaram pela manhã um ato no parque da Luz, região central da cidade, e depois ocuparam um prédio abandonado na praça João Mendes, também no centro. À tarde, mulheres de diversos movimentos sociais, entre eles da Marcha Mundial das Mulheres, fazem um ato na praça da Sé.

Na última sexta-feira (2), manifestação de mulheres do MST no centro de Ribeirão Preto (SP) também lembrou o despejo no Pinheirinho. No mesmo dia, em Promissão (SP), cerca de 200 mulheres fecharam por algumas horas a BR-153 (também conhecida como Rodovia Transbrasiliana).

Também na sexta, foram ocupados as superintendências do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em Águas de Santa Bárbara e do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp), em Teodoro Sampaio, na região do Pontal do Paranapanema. As ações reivindicam o assentamento de famílias acampadas, a liberação de créditos a assentados e a reabertura de escolas rurais.

Minas Gerais

Cerca de 500 mulheres da Via Campesina e da Marcha Mundial das Mulheres ocuparam a sede do Incra de Minas Gerais, em Belo Horizonte, na manhã de hoje para cobrar o assentamento de 3.700 famílias que vivem em 50 áreas de acampamento no Estado, segundo o movimento.

As manifestantes também reivindicam assistência técnica e crédito para as mulheres, implementação de creches infantis para as crianças de zero a seis anos e restaurantes comunitários nas áreas de reforma agrária.

Distrito Federal

De acordo com o MST, aproximadamente de 600 trabalhadoras rurais ocuparam na manhã de hoje (8) a fazenda Toca da Raposa, em Planaltina (DF), para reivindicar a destinação da área para assentamento. Segundo as manifestantes, a área é grilada, ou seja, tiveram seus registros de propriedade fraudados. É a quinta vez que a fazenda é ocupada por sem-terras.

Ontem, os movimentos sociais participaram de um protesto que reuniu cerca de 2.000 pessoas na Esplanada dos Ministérios para exigir que a presidente Dilma Rousseff vete o texto do novo Código Florestal.

Goiás

Desde segunda-feira, 500 agricultoras mantêm ocupada a Embrapa Arroz e Feijão, em Santo Antônio de Goiás, pela retirada do Projeto de Lei 222/08 que propõe transformar a Embrapa em empresa de economia mista com ações negociadas na bolsa.

Pernambuco

Cerca de 300 mulheres ocuparam o Engenho Pereira Grande, que pertence a Usina Estreliana, localizada no município de Gameleira, na zona da mata sul de Pernambuco, na manhã desta quinta, informa o movimento. O protesto é contra o modelo do monocultivo da cana de açúcar e o trabalho escravo no Estado.

Também na manhã de hoje, a fazenda da empresa Copa Fruit, em Petrolina, foi ocupada por cerca de 500 trabalhadoras rurais, segundo o MST. Outras 300 mulheres da Via Campesina ocuparam a sede do Incra no Recife.

Na segunda e terça, o MST realizou atos em 20 municípios pernambucanos contra o novo Código Florestal.

Em Petrolândia, 600 famílias ocupam desde domingo (4) um reservatório da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf). Segundo o MST, ao redor do reservatório vivem 600 famílias assentadas que sofrem com a seca mesmo vivendo rodeadas de água.

Ceará

De acordo com o MST, mais de 600 mulheres bloquearam a avenida Washington Soares, no bairro Edson Queiroz, em Fortaleza, na manhã de hoje. O protesto também é contra o novo Código Florestal.

Sergipe

Aproximdamente 1.200 mulheres partiram em marcha do assentamento Quissamã, no município de São Cristóvão (a 17 km de Aracaju), na manhã desta quinta-feira para realizar uma manifestação no centro da capital, na sede do Incra.

As mulheres do MST entregarão uma pauta com reivindicações aos representantes do Incra. Segundo o MST, existem aproximadamente 210 áreas improdutivas aguardando vistoria do Incra para serem liberadas para reforma agrária no Estado.

Paraíba

O movimento diz que 500 mulheres ocuparam a fazenda Santana, no município de Sousa, na manhã desta quinta-feira. Segundo o MST, a fazenda utiliza agrotóxicos na produção de algodão, o que estaria afetando a saúde dos trabalhadores da lavoura e comunidades vizinhas.

Alagoas

Em Maceió, as camponesas de várias regiões do Estado ocuparam a sede do Ibama, em protesto contra as alterações no Código Florestal. As manifestantes também entregaram uma lista de reivindicações ao Incra.

Bahia

No município de Alcobaça, no sul do Estado, 1.100 mulheres camponesas ocuparam a fazenda Esperança, de propriedade da empresa paulista Suzano Papel Celulose, na manhã de hoje, para cobrar do Incra agilidade nos processos de desapropriação dos latifúndios das grandes áreas do monocultivo de eucalipto.

Rio Grande do Norte

Manifestantes do MST fecharam a BR- 304, em Mossoró, e a BR-406, em Ceará-Mirim. Os manifestantes querem uma audiência com o governo do Estado, com a Prefeitura de Ceará-Mirim e com o Incra para tratar da melhoria da infraestrura dos assentamentos e a desapropriação de áreas para as famílias acampadas.

Rio Grande do Sul

Na terça-feira, 600 mulheres do MST, MTD (Movimento dos Trabalhadores Desempregados) e outras organizações ocuparam o prédio da secretaria do Ministério da Fazenda e da Receita Federal, em Porto Alegre, e liberarem o pedágio do município de Guaíba.

As trabalhadoras reivindicam a liberação de recursos pelo ministério para a desapropriação de terras para assentar as famílias que estão acampadas no Estado e para programas que resolvam os problemas causados pela seca.

Paraná

Em Curitiba, 1.000 trabalhadoras sem-terra ocupam a sede do Incra para cobrar o assentamento de 6.000 famílias acampadas no Estado, informa o MST. O protesto reivindica investimentos para habitação rural, infraestrutura para a agricultura familiar, créditos de fomento para produção agrícola e assistência técnica. Hoje, pela manhã, 20 organizações realizaram uma marcha na praça Santos Andrade, em Curitiba.

Pará

Cerca de 600 trabalhadoras rurais ocuparam a superintendência do Incra em Marabá, sudeste do Estado, na terça-feira, para cobrar projetos de reforma agrária para as famílias acampadas e políticas públicas para os assentamentos da região, segundo o movimento.

Tocantins

De acordo com o MST, aproximadamente 300 mulheres da Via Campesina, do movimento estudantil, de organizações de direitos humanos e da Marcha Mundial de Mulheres realizaram uma passeata de 8 km em Palmas na terça-feira. O grupo montou um acampamento em frente à Assembleia Legislativa, onde realizaram uma vigília. Hoje, foi realizado um ato na capital tocantinense contra o novo Código Florestal.