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Homens de até 24 anos e moradores do Sudeste são maioria entre os sem religião, aponta Censo 2010

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

29/06/2012 10h00

Dados do Censo Demográfico 2010, divulgados nesta sexta-feira (29), mostram que o número de brasileiros que não possuem religião teve um aumento de 0,6 pontos percentuais nos últimos dez anos, e hoje representa 8% da população brasileira --o que corresponde a 15,3 milhões de pessoas.

Na mesma pesquisa feita há dez anos, esse número era de 12,5 milhões (7,3%). A maior incidência foi registrada entre os homens de 20 a 24 anos, especialmente na região Sudeste. Até 2000, tal categoria era sustentada basicamente pelo grupo etário de 0 a 4 anos.

A população que se declarou sem religião se distribui por várias outras áreas do país, sendo menor na região Sul e nos Estados de Minas Gerais, Piauí, Ceará e interior dos demais Estados nordestinos, bem como do Amazonas e do Pará, com proporções de até 5%.

Os sem-religião

  • 15,3 milhões

    de brasileiros

    declararam não ter religião

  • 20 a 24 anos

    homem e morador do Sudeste

    forma o perfil da maioria dos representantes deste grupo

    Até 1872, nenhum cidadão brasileiro se declarava sem religião, de acordo com o IBGE. Os indícios da existência desse grupo começaram a aparecer em 1890, juntamente com a chegada da religião evangélica no país. Desde então, o crescimento é vertiginoso: há, por exemplo, mais pessoas que não têm religião do que adeptos do espiritismo.

    A pesquisa também destaca o aumento da população evangélica, que cresceu 44% nos últimos dez anos (chegando a 42,3 milhões de pessoas), assim como o aumento da população espírita, que hoje é de 3,8 milhões.

    Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o aumento no número de evangélicos é proporcional ao crescente declínio da religião católica, que perdeu 12,2% de fiéis em relação ao Censo de 1991.

    Ainda assim, o catolicismo é predominante no país: são mais de 123 milhões de pessoas (64,6% da população brasileira; até 2000 eram 73,6%). O Brasil é considerado o maior país do mundo em números de católicos nominais.

    A exemplo da categoria sem religião, a população católica apresenta porcentagens mais elevadas de adeptos do sexo masculino: 65,5% contra 63,8% em relação a mulheres. Nos demais grupos religiosos, as mulheres formam a maioria dos contingentes declarados.

    Aumento do número de evangélicos

    Até o início da década de 90, os evangélicos representavam apenas 9% do contingente populacional, dos quais a maioria de origem pentecostal. Com a expansão das igrejas evangélicas pelo país e a veiculação de programas religiosos nas emissoras de televisão, tal índice subiu para 15,4%, em 2000, e para 22,2%, dez anos depois.

    A maior concentração da população evangélica foi registrada em Rondônia (33,8%), e a menor no Piauí (9,7%). Entre os evangélicos, a pesquisa mostra que 60% são de origem pentecostal, 18,5%, evangélicos de missão e 21,8 %, evangélicos não determinados. Os religiosos consideram que o Brasil possui a maior concentração mundial de evangélicos de origem pentecostal.

    Já em relação aos evangélicos em geral --o que inclui o protestantismo--, o primeiro lugar do ranking é ocupado pelos Estados Unidos, onde mais da metade da população é adepta da religião (mais de 155 milhões de pessoas).

    Espíritas também crescem

    Os espíritas, por sua vez, passaram de 1,3% da população, em 2000, para 2%, em 2010 --um aumento de cerca de 1,5 milhão de pessoas.

    O crescimento mais expressivo foi observado na região Sudeste, cuja proporção passou de 2% para 3,1% nos últimos dez anos.

    Segundo os dados do IBGE, o Rio de Janeiro é o Estado com o maior índice de pessoas que se declararam espíritas, com 4%, seguido de São Paulo (3,3%), Minas Gerais (2,1%) e Espírito Santo (1%).

    Declínio do catolicismo

    Embora o perfil religioso da população brasileira mantenha, em 2010, a histórica maioria católica, esta religião vem perdendo adeptos desde o primeiro Censo, realizado em 1872.

    Em aproximadamente um século, a proporção de católicos na população brasileira variou apenas 7,9 pontos percentuais, reduzindo de 99,7%, em 1872, para 91,8% em 1970. Desde então, os dados censitários do IBGE mostram que a religião passa por uma fase de declínio: nos últimos dez anos, os católicos passaram de 73,6% para 64,6%.

    Esta redução no percentual de católicos ocorreu em todas as regiões, mantendo-se mais elevada no Nordeste (de 79,9% para 72,2% entre 2000 e 2010) e no Sul (de 77,4% para 70,1%). A maior redução ocorreu no Norte, de 71,3% para 60,6%, ao passo que os evangélicos, nessa região, aumentaram sua representatividade de 19,8% para 28,5%.

    O menor percentual de católicos foi encontrado no Estado do Rio de Janeiro: 45,8% em 2010. O maior percentual pertence ao Piauí, com 85,1%.