Cidades da América Latina estão entre as mais perigosas do mundo, diz ONU
As cidades da América Latina estão entre as mais perigosas do mundo, aponta estudo inédito da ONU que indica que a região tem as mais altas taxas de homicídio e criminalidade.
Muito acima da média mundial de sete homicídios para cada 100 mil habitantes, a região da América Latina e Caribe registra taxas de 20 assassinatos por 100 mil habitantes, segundo o relatório “Estado das Cidades da América Latina e Caribe”, lançado nesta terça-feira (21), no Rio de Janeiro.
“A violência e a delinquência se converteram, segundo as pesquisas de opinião, na principal preocupação dos cidadãos da região, junto com o desemprego, a corrupção e a pobreza”, destaca o estudo. Só no ano de 2008, morreram mais de 130 mil pessoas por armas de fogo na região.
O documento elaborado pelo ONU-Habitat (Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos) associa os níveis mais altos de homicídios ao “baixo desenvolvimento humano e econômico e a grandes disparidades de renda entre a população”.
Incapacidade de resposta
O estudo ainda faz menção à aparição de milícias. “É preocupante a existência de grupos ilegais que, a partir de meios violentos e coercitivos, controlam territórios e populações, e tem uma crescente influência sobre o funcionamento das instituições”.
A insegurança repercute de forma negativa até mesmo na configuração dos espaços urbanos, “à medida que os cidadãos tendem a evitar áreas consideradas perigosas ou frequentá-las em determinados horários”.
O estudo discute ainda que, em casos extremos, o sentimento de temor pode acarretar na perda da prática da vida em comunidade, uma vez que “induz os indivíduos a isolarem-se em casa ou em condomínios fechados”.
Segundo a ONU, a criminalidade e a violência superaram a “capacidade de resposta” dos governos da região servindo como um “elemento desestabilizador”.
"Na pesquisa que fizemos com os 16 mil prefeitos de todos os municípios da região, todos apontam a segurança como uma prioridade. A violência é uma característica em geral da região", afirmou Erik Vittrup, oficial principal de Assentamentos Humanos da ONU Habitat, durante entrevista coletiva nesta tarde.
Pacificação das favelas
A experiência de pacificação das favelas cariocas recebe destaque no documento ao citar a existência do tráfico de drogas como “fonte para a violência organizada” no Rio de Janeiro.
As favelas – “comunidades pobres, muitas delas localizadas em morros, com péssimas condições de acesso e sem oferta adequada aos serviços sociais e de segurança pública” – têm suas crianças cooptadas por traficantes de drogas, informa o relatório.
Os moradores das favelas ficaram expostos por muitos anos à violência e sob o controle de bandos de criminosos que se apoderavam do território e “até proporcionavam serviços como a venda de botijão de gás ou televisão a cabo, administravam a Justiça penal e cobravam taxas por transações imobiliárias”, descreve o documento.
A ONU cita o caso das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), que foram instaladas em 2008 “para retomar os territórios sem violência”. E destaca ainda a introdução das UPP Sociais nas áreas já pacificadas, em 2011.
Até maio deste ano, 87 favelas já haviam sido pacificadas no Rio, beneficiando 300 mil habitantes. Segundo a ONU, esta iniciativa ajudou a “construir uma cidade mais segura e a integração destas áreas na cidade”.
"O Rio de Janeiro já foi das top ten mais inseguras. As cidades mais perigosas estão na Guatemala e México, especialmente na fronteira do México", Vittrup.
O representante da ONU afirmou que a experiência do Rio de Janeiro será foco de discussões no próximo Fórum Urbano Mundial, que acontece entre 1º e 7 de setembro em Nápoles, na Itália. “O Rio de Janeiro hoje é uma das cidades que viveu o maior recorde de redução da violência por meio da formatação de políticas urbanas”, afirmou Vittrup.
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