Como age a 'tropa de elite' do PCC que tentou resgatar Marcola em presídio
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O núcleo do PCC que tramou o resgate de Marcola do presídio federal é formado por criminosos de alta periculosidade especializados em ataques aos moldes do "novo cangaço" ou "domínio de cidades". A unidade, que atua como uma espécie de tropa de elite da facção, também é conhecida por planejar atentados contra autoridades e planos de fuga em massa de unidades prisionais.
Plano para matar Moro e promotor
Núcleo é conhecido como "restrita tática". É como se chama o braço operacional do setor de inteligência do PCC, a "Sintonia Restrita". O grupo inclusive teria planejado matar o ex-juiz e senador Sergio Moro (União Brasil) e o promotor Lincoln Gakiya, indicam investigações conduzidas pela Polícia Federal em 2023.
Unidade da facção paulista investiu quase R$ 3 milhões em plano para matar Moro, apurou o UOL. O dinheiro foi usado para montar uma estrutura na região metropolitana de Curitiba, envolvendo aluguel de chácaras, veículos blindados e armas, entre julho e outubro de 2022. Gakiya disse que também estava na mira dos ataques em retaliação a um mandado de prisão contra uma liderança do PCC.
Quando ainda era ministro, Moro foi o responsável por coordenar a transferência de Marcola para um presídio federal, em 2019. Na ação, outros 21 supostos membros do PCC também foram transferidos. Um ano antes, a facção já havia tramado o resgate de Marcola da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP). Mas o plano fracassou após a transferência para uma unidade de segurança máxima.
Criminosos que participam dessas missões enfrentam até as forças de segurança em assaltos milionários. Com armas de grosso calibre, carros blindados e explosivos, os integrantes do núcleo participam de ataques contra agências bancárias em ações aos moldes do "novo cangaço" ou "domínio de cidades".
Depois de selecionados, criminosos são treinados por mercenários estrangeiros na Bolívia. Lá, recebem treinamento com o uso de armas automáticas e táticas militares avançadas, de acordo com investigações. Ainda segundo a apuração das forças de segurança, a comunicação entre os integrantes do núcleo é feita com celulares com chips habilitados em outros países e criptografia por aplicativo.
A "restrita tática" é responsável por estruturar missões complexas e ataques a autoridades. A audácia é tão grande que existe até uma espécie de edital de convocação para os criminosos interessados em participar de suas missões. Eles precisam preencher uma série de requisitos, como ter experiência em participação em crimes violentos. Depois de selecionados, ainda passam por treinamentos.
Ivana David, desembargadora do TJ-SP e especialista em investigações sobre o crime organizado
Os membros desse grupo recebem treinamento de qualidade e possuem mais poderio bélico dos que a polícia. A existência desse núcleo é temerária para as forças de segurança.
Gilberto Kummer Júnior, membro do grupo Alpha Bravo Brasil e especialista em segurança pública
Quem participou de plano de resgate

Rota matou suspeito de planejar resgate de Marcola. Carlos Alves Bezerra, o Carlão, foi morto a tiros em uma operação policial no dia 14 deste mês em Campinas (SP). Segundo a PM, ele foi baleado após atirar na direção dos agentes.
Outro criminoso apontado por chefiar plano de fuga de líder do PCC foi preso. Ivan Garcia Arruda, o Degola, foi capturado em setembro de 2024, em Sorocaba (SP).
Reunião com homem de confiança de Marcola deu início ao plano, diz MP. De acordo com a investigação, uma reunião com a cúpula da facção criminosa coordenada por Pedro Luiz da Silva Moraes, o Chacal, deu origem ao plano, em novembro de 2023.

Como foram ações da 'tropa de elite' do PCC
Núcleo foi criado com células para matar e planejar fugas do sistema prisional. Para obter as informações e alcançar seus objetivos, o PCC também conta com uma rede de infiltrados no sistema estatal, indicam investigações da PF.
Unidade do PCC é suspeita de planejar o assassinato de três agentes federais entre 2016 e 2017. As atividades são respaldadas e gerenciadas por líderes da facção que estão detidos em presídios paulistas.
Agente do presídio federal de Catanduvas (PR), Alex Belarmino Almeida Silva foi morto em setembro de 2016 ao ser atingido por 23 tiros em uma emboscada em Cascavel (PR). Em abril de 2016, Henry Gama Filho, agente do presídio federal de Mossoró, foi assassinado em um bar da cidade. Um mês depois, a psicóloga Melissa de Almeida Araújo foi morta dentro de casa em Cascavel (PR).
Núcleo também teve envolvimento em fugas de presídios. A mais notória delas ocorreu em janeiro de 2017, cerca de 30 presos fugiram da Penitenciária Estadual de Piraquara (PR), após a explosão de um muro. Dois detentos morreram em confronto com a Polícia Militar e agentes penitenciários.
7 comentários
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Jairo Ribeiro
É isso aí! A lei geral é que não existe vácuo de Poder. Quando o Estado não exerce o Poder Legal, como é o caso do Brasil, sempre há quem assuma o Poder. O Rio de Janeiro é o modelo que se espalha pelo Brasil inteiro.
Marcelo de Oliveira Boavista
Esse pessoal do crime organizado são mais eficientes que a inteligência da nossa polícia…
Jairo Ribeiro
Esses cabras já dominam o território brasileiro. No passo que vão, é só uma questão de tempo para assumir oficialmente o Poder em Brasília. Suas excelências estão preocupadas mesmo é com as EMENDAS, o tal orçamento secreto.