Protesto cobra mais agilidade na investigação de jornalista desaparecido no Paraná
Um ato de protesto com familiares, amigos e representantes de movimentos sociais reuniu, nesta quinta-feira (18), centenas de pessoas em frente à Catedral Basílica de Curitiba para pedir mais agilidade nas investigações sobre o desaparecimento do jornalista Anderson Leandro da Silva, 38 anos, que completa oito dias.
Os manifestantes estavam vestidos com camisetas com a foto de Anderson e fizeram um grande círculo para gritar palavras de ordem pedindo mais atenção ao caso por parte das autoridades policiais. Depois da concentração, todos caminharam pelo calçadão da rua 15.
O jornalista, que trabalha com diversas entidades e movimento sociais, foi visto pela última vez na quarta-feira da semana passada (10), e o último contato foi por telefone com o filho, por volta das 12h30 do mesmo dia. Em seguida, Anderson deixou a produtora de vídeo na qual trabalha e disse que iria a Quatro Barras (região metropolitana de Curitiba), para um encontro de trabalho.
Ele estava em um veículo Kangoo, de placas AON-8615, e a partir de então não se comunicou mais com o filho ou parentes. “Nós não sabemos ao certo o que ele iria fazer lá em Quatro Barras. Ele disse ao filho que foi chamado para fazer um orçamento ou um roteiro”, disse o irmão Antônio Leandro da Silva, 40, advogado.
Para o irmão o momento é de muita angústia, principalmente, por causa da falta de informações sobre as investigações. “Nós não descartamos nenhuma possibilidade. Até mesmo que o desaparecimento dele esteja relacionado às suas atividades profissionais”, disse Antônio.
Ele explicou que a mobilização foi uma forma que família e amigos acharam para chamar a atenção da sociedade. “Estamos cobrando mais empenho Já tivemos resultado quando a investigação passou para o Grupo Tigre e o Gaeco”, informou.
Falta de informações
O Grupo Tigre é uma unidade especial da Polícia Civil do Paraná para casos de sequestro, e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) é uma coordenação do Ministério Público do Paraná em parceria com as polícias Civil e Militar do Estado.
Outro irmão do jornalista, o padre Agenor da Silva, disse que não descarta motivação política para o desaparecimento. “Mas também não podemos deixar de achar que pode ser mais um caso de violência urbana. E isso nos causa muito desconforto, a falta de informações”, declarou.
Ele disse que são 12 irmãos, sendo cinco mulheres e sete homens, todos muito unidos. “Essa manifestação mostra como o Anderson é querido por todos.” O presidente do Sindicato dos Jornalistas do Paraná (Sindijor), Guilherme Carvalho, disse que o caso preocupa.
“Se ele desapareceu por conta da sua atuação profissional ou de militância, isso nos preocupa muito, e é de interesse público, da sociedade, que seja esclarecido o mais rápido possível”, declarou Carvalho.
Segredo
O coordenador do Gaeco, procurador Leonir Batisti, disse que não há novidades sobre o caso e que por enquanto as investigações seguem várias possibilidades para explicar o desaparecimento do jornalista.
“Tanto o Gaeco como o Grupo Tigre estão empenhados. Posso garantir que as investigações têm nossa total atenção”, afirmou. Batisti disse entender a situação da família e que a manifestação é legítima.
“Eles têm de entender que não podemos informar permanentemente todos os passos que tomamos, para o bem da própria investigação”, disse. Segundo Batisti, a polícia e o Ministério Público trabalham para elucidar o caso o mais rápido possível. “Devemos satisfação para a sociedade.”
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