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Justiça do Rio dá liberdade à William da Rocinha e outro ex-líder comunitário

William da Rocinha fala ao telefone após sair da cadeia, solto por ordem do Tribunal de Justiça do Rio - Lucas Figueiredo/Extra/Agência O Globo
William da Rocinha fala ao telefone após sair da cadeia, solto por ordem do Tribunal de Justiça do Rio Imagem: Lucas Figueiredo/Extra/Agência O Globo

Carolina Farias

Do UOL, no Rio

01/05/2013 13h21

O TJ (Tribunal de Justiça) do Rio de Janeiro determinou a libertação de William de Oliveira, o William da Rocinha, ex-líder comunitário da favela da zona sul carioca. Ele aparece em um vídeo amador supostamente negociando a venda de um fuzil AK-47 com Antônio Bonfim Lopes, o Nem, ex-chefe do tráfico na Rocinha, e está preso desde dezembro de 2011 por associação ao tráfico e venda de armas.

Alexandre Leopoldino Pereira da Silva, o Perninha, outra ex-liderança da comunidade, também foi beneficiado pela decisão judicial da desembargadora Mônica Tolledo de Oliveira, da 3ª Câmara Criminal do TJ.

William e Perninha foram condenados há aproximadamente uma semana por associação para o tráfico. Eles devem cumprir quatro anos de prisão no regime semiaberto e, com a decisão da desembargadora, na última terça-feira (30), e o habeas corpus para a libertação, os dois, que estavam presos no complexo penitenciário em Bangu, na zona oeste, foram soltos nesta quarta-feira (1º).

Em dezembro do ano passado, em depoimento ao TJ durante a instrução do processo, o repórter comunitário Flávio Henrique de Lima Caffer disse que editou o vídeo para prejudicar William da Rocinha e Perninha. Segundo Lima Caffer, ele foi coagido por Vanderlan Barros de Oliveira, o Feijão, ex-líder comunitário da favela, que foi assassinado em março do ano passado numa emboscada.

De acordo com o repórter, foram editados vários trechos --entre eles o momento em que a arma é entregue por Nem a Leopoldino da Silva. Segundo ele, a arma esteve o tempo todo na mesa e a intenção da manipulação, segundo Feijão, era prejudicar William da Rocinha.

Ainda segundo Lima Caffer, ele deixou registros de transições no vídeo para descaracterizá-lo caso fosse avaliado numa perícia criminal.  Por teleconferência e em audiência no mesmo processo, Nem também prestou depoimento em dezembro e afirmou que nunca comprou armas de William da Rocinha ou do outro ex-líder comunitário. Nem disse ainda que não se lembrava do encontro gravado no vídeo.

Com o relato do repórter e do traficante, o Ministério Público retirou a acusação de porte e venda ilegal de arma de uso restrito e ambos foram julgados somente pelos demais crimes.