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Comércio reabre no Complexo do Alemão após mais uma noite de tiroteio

Houve reforço no policiamento nas entradas que desembocam na região da favela - Guilherme Pinto/Agência O Globo
Houve reforço no policiamento nas entradas que desembocam na região da favela Imagem: Guilherme Pinto/Agência O Globo

Paula Bianchi

Do UOL, no Rio

24/05/2013 14h20

Os moradores do Complexo do Alemão, maior conjunto de favelas da zona norte do Rio de Janeiro, tentam retornar à rotina, nesta sexta-feira (24), depois de o comércio e as escolas da região fecharem durante toda a quinta-feira (23) em razão de um toque de recolher imposto por traficantes da região. Segundo a CPP (Coordenadoria de Polícia Pacificadora), a maioria dos lojistas abriu as portas no início desta tarde.

No decorrer da última madrugada, houve mais uma troca de tiros no alto das comunidades da Grota e da Pedra do Sapo, o que fez com que muitos comerciantes optassem por não abrir as portas na manhã desta sexta-feira. O tiroteio teria ocorrido por volta das 20h, segundo a CPP, mas não houve registro de confronto com a PM. O efetivo policial foi reforçado por tempo indeterminado no Alemão e no Complexo da Penha.

A Polícia Civil afirmou que um inquérito foi aberto para investigar se o fechamento do comércio pode ser atribuído, de fato, a uma determinação do crime organizado local. A suposta ordem do tráfico seria em resposta à morte de Anderson Simplício de Mendonça, o "Orelha", 29,  resultante de um confronto entre policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) local.

"Autuamos uma pessoa em flagrante ontem e estamos com um inquérito em curso, para identificar quem foram os autores da ordem de fechar as portas”, afirmou um inspetor da o inspetor da 22 ª DP, que se identificou apenas como Luiz Carlos.

Segundo a CPP,  o toque de recolher é uma forma do tráfico tentar desestabilizar as UPPs instauradas na região. "Infelizmente, o medo dos traficantes ainda existe e eles se utilizam disso para demonstrar uma força que vem sendo perdida desde a chegada da polícia neste território. Os criminosos fazem guerra psicológica, espalhando boatos que se alastram rapidamente, prejudicando o funcionamento do comércio e escolas na região", informou a coordenadoria, em nota.

Falta de luz

O Complexo do Alemão também amanheceu com relatos de problemas de fornecimento de energia elétrica. No Twitter, moradores relataram quedas de energia e interrupção do serviço em diversas áreas das comunidades. A Light  confirmou a existência de ocorrências pontuais, e disse que o fornecimento de energia está sendo normalizado em todo o Complexo do Alemão.

Já a Secretaria Estadual de Educação informou que apenas a Escola Estadual Jornalista Tim Lopes, em Ramos, segue com as aulas suspensas em razão da baixa frequência de estudantes. As outras escolas da região e a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) funcionam normalmente.

Conflitos pós-UPP

O Complexo do Alemão foi ocupado pela polícia em novembro de 2010 e recebeu a primeira UPP em abril de 2012, passando por um longo período de ocupação da Força de Pacificação, articulada pelo Exército, que deixou o conjunto de favelas gradualmente até julho de 2012.

Apesar das quatro UPPs instauradas no local, o Complexo do Alemão segue sendo uma das comunidades mais conturbadas da cidade.

  • Divulgação/Disque-Denúncia

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O primeiro caso foi no dia 23 de julho de 2012, quando a policial Fabiana Aparecida de Souza, 30, foi morta após um ataque de 12 homens armados à sede da UPP na favela de Nova Brasília, uma das comunidades que compõem o Complexo do Alemão.

No dia 20 de outubro, um tiroteio entre criminosos e policiais militares da mesma comunidade deixou uma menina de 12 anos ferida ao ser atingida por estilhaços de tiros. No dia 28 de novembro, mais uma vez o policiamento foi reforçado após intensa troca de tiros entre policiais militares e criminosos, que resultou na morte de um suspeito foi morto.

No dia 3 de maio deste ano, o policiamento voltou a ser reforçado na região depois que um tiroteio entre facções rivais assustou os moradores. No dia 25 de abril, outro tiroteio chegou a interromper o transporte no teleférico que atende à comunidade, atingido pelas balas.