Vídeo mostra suposto carro da PM atirando contra manifestantes no Rio; assista
Em um vídeo que circula nas redes sociais, um carro não caracterizado dispara durante a manifestação da última quinta-feira (11) nos arredores do Palácio Guanabara, sede do governo do Rio, no bairro de Laranjeiras. Os disparos são feitos contra pessoas que caminhavam em vias próximas. Os próprios manifestantes anotaram a placa do veículo e, em consulta ao site do Detran, descobriram que a Blazer pertence à Polícia Militar. Ainda de acordo com manifestantes, o veículo teria disparado contra as pessoas que caminhavam pelas ruas do bairro.
Em outro vídeo enviado ao UOL, é possível ver a Blazer preta circulando em frente ao palácio durante o protesto. De acordo com testemunhas, o carro parou próximo ao Caveirão, maneira como é conhecido o veículo blindado da PM. A reportagem também fez a consulta ao site do Detran e confirmou que a Blazer está registrada em nome da Polícia Militar . Na página, o carro aparece como da cor branca. No entanto, é comum o processo de “envelopagem” do carro pela polícia na cor preto fosco.
Um dos manifestantes ouvidos pela reportagem do UOL, o astrônomo Loloano Silva, contou que, ainda durante àquela noite, precisou correr dos disparos do veículo. “Quando a gente estava saindo da [rua] Pinheiro Machado em direção à praia de Botafogo, pois o Choque estava vindo em nossa direção, passou um carro preto pela rua. Saímos da frente pra deixar ele passar e ele parou. Abaixou os vidros e atirou contra as pessoas que estavam na rua. Deve ter efetuado uns dois ou três disparos”, disse.
Vídeo de manifestantes mostra disparo de carro que seria da PM
O astrônomo contou que assim que ouviu os tiros, correu e não identificou se os disparos eram ou não de arma letal. “O bizarro é que todo mundo foi pego de surpresa, pois eles vinham como se estivessem em Botafogo e achamos que era um carro qualquer, nem ligamos, na verdade. Daí vieram os tiros. Só cogitei a possibilidade de serem de fogo depois de assistir ao vídeo”, disse.
Publicado na última sexta-feira (12), o vídeo conta com mais de quatro mil compartilhamentos no Facebook.
A reportagem do UOL tentou contato com a Polícia Militar desde a tarde de sábado (13), mas até a manhã deste domingo (14), ninguém da PM se manifestou sobre o caso. O Ministério Público abriu investigação sobre possíveis excessos da Polícia Militar. As vítimas interessadas devem procurar o órgão para a construção de uma ação civil pública coletiva.
Segundo a Polícia Militar, 46 pessoas foram detidas durante o protesto da última quinta-feira. Os confrontos entre PMs e manifestantes aconteceram no centro da cidade, em manifestação convocada pelas centrais sindicais, o Dia Nacional de Lutas, e na frente do Palácio Guanabara, em protesto de estudantes contra o governador do Rio, Sergio Cabral (PMDB).
No centro, a confusão começou quando sindicalistas expulsaram jovens integrantes do movimento anarquista Black Bloc. Uma caixa com garrafas contendo coquetéis molotov foi encontrada. Os anarquistas negaram serem os responsáveis pelo material incendiário. O protesto reuniu cerca de 5000 pessoas.
Em Laranjeiras, zona sul do Rio, cerca de 500 pessoas estavam na sede do governo, quando um disparo de um morteiro contra o palácio feito por uma pessoa com a camisa encobrindo o rosto iniciou a reação da Polícia. Bombas de gás lacrimogêneo, de efeito moral e balas de borracha foram disparadas pelos agentes de segurança pública. Uma clínica próxima ao local do confronto foi danificada, funcionários da unidade reclamavam do forte cheiro de gás. Policiais chegaram a entrar no saguão da casa de saúde para prender manifestantes que teriam se escondido no local.
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