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Em passeata, moradores da Rocinha chegam a rua onde mora Cabral e se unem a acampados

Comerciante da favela da Rocinha, que não quis se identificar, exibe cartaz protestando contra a UPP local - Hanrrikson de Andrade/UOL
Comerciante da favela da Rocinha, que não quis se identificar, exibe cartaz protestando contra a UPP local Imagem: Hanrrikson de Andrade/UOL

Gustavo Maia e Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

01/08/2013 19h25Atualizada em 01/08/2013 22h59

Moradores e líderes comunitários da favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, iniciaram, por volta das 19h, uma passeata contra o sumiço do pedreiro Amarildo de Souza, retirado da porta de sua casa no último dia 14 de julho e levado por policiais militares para a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Às 21h, eles chegaram à rua Aristides Espíndola, no Leblon, onde mora o governador do Estado, Sérgio Cabral, e onde cerca de 50 pessoas estão acampadas desde a noite de domingo (28).

A avenida Delfim Moreira no sentido Ipanema foi bloqueada pelos manifestantes. Os manifestantes cantavam palavras de ordem contra o governador --"Cabral bandido, cadê o Amarildo?"-- e cantavam um trecho da música "Rap da Felicidade" --"Eu só quero é ser feliz, andar tranqüilamente na favela onde eu nasci".

Durante a passeata, eles fecharam os dois sentidos da Autoestrada Lagoa-Barra e o túnel Zuzu Angel. O líder do movimento Favela Não Se Cala, André Luiz Abreu de Souza, 38, um dos grupos que convocou a passeata, afirmou que o governador Sérgio Cabral (PMDB) está "desesperado" com a repercussão midiática do desaparecimento do pedreiro.

O repórter Guga Noblat, do CQC, e a equipe do programa da TV Bandeirantes foram expulsos do protesto. Um dos manifestantes disse que o jornalista não faz reportagens sérias.

Policiais militares acompanham o protesto, mas sem intervir diretamente. O secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, disse hoje que a noite do desaparecimento de Amarildo deve ser reconstituída.

A Polícia Civil e o governo estadual do Rio anunciaram dar prioridade a este caso que causou comoção. O Ministério Público já trata o caso como homicídio.

Os manifestantes andaram pelas ruas do Leblon e depois regressam à esquina da casa do governador. Na parede de um prédio foram projetadas as frases "Cadê o Amarildo?", "pelo fim das remoções em favelas" e fotos da família do pedreiro desaparecido.

O pedreiro foi detido ao ser confundido com um traficante que comanda a Rocinha e, segundo os policiais, posto em liberdade em seguida. As câmeras da UPP da Rocinha, no entanto, não registraram a entrada ou saída de Amarildo do local. Segundo a polícia, o equipamento estava com defeito.