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Padaria de SP vira alvo de críticas após comentário machista no Facebook

Do UOL, em São Paulo

10/04/2014 18h06

Uma cliente da padaria Estrela do Butantã, localizada nesse bairro da zona oeste de São Paulo, compartilhou pelo Facebook o constrangimento que teria sentido ao perceber que funcionários do local olhavam para suas pernas “por baixo da mesa”.

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Imagem: Reprodução/Facebook

A resposta do estabelecimento para o ocorrido gerou uma enxurrada de críticas à padaria. Em sua página no Facebook, a Estrela do Butantã escreveu que, “Quanto mais se expõe, mais inadequado fica”. E continuou: “Quando a mulher usa um vestido muito justo ou curto, a comunicação entre funcionários e clientes é afetada, uma vez que a atenção do interlocutor é desviada”.

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Imagem: Reprodução/Facebook

O comentário da cliente, escrito de forma anônima, foi enviado para a página “Cantada de Rua”, também no Facebook, que incentiva o “desabafo” de mulheres que passaram por situações de assédio. Abaixo do comentário da cliente, o “Cantada de Rua” reproduziu a resposta da padaria.

O caso, ocorrido em fevereiro, foi lembrado nesta quarta-feira (9) pela página “Pipoca Verborrágica”, que pede um boicote à padaria. Tanto a página do estabelecimento quanto a página que relembrou o caso estão sendo tomadas por críticas de usuários.

Outro lado

Procurada, a gerência da padaria afirmou que, em quase 50 anos de atividade, nunca recebeu reclamações de assédio e sempre atendeu todos os públicos da mesma forma.

“Não entendemos o que aconteceu. Se ela se sentiu constrangida, pedimos desculpas, mas nunca tivemos essa postura machista que está sendo colocada. Conversamos com todo o pessoal e ela não foi desrespeitada, não foi abordada. Identificamos um funcionário que teria olhado [para a moça], assim como alguns clientes, segundo relatos, e ele acabou afastado também por outras coisas”, disse Artur Ferreira, um dos gerentes da padaria.

Em relação ao post publicado na página da padaria no Facebook, Ferreira afirma que o comentário “não tem cabimento” e que o empregado responsável pela publicação foi afastado.

O gerente, contudo, criticou a repercussão dada ao caso e disse que “virou moda” falar do assunto, se referindo ao fato de que o tema do assédio contra as mulheres ganhou destaque na mídia e nas redes sociais após uma pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) apontar que 26% dos entrevistados concordam que as mulheres que usam roupas curtas merecem ser atacadas --incialmente o instituto havia divulgado um percentual de 65%, o que gerou revolta e mobilização, mas o índice foi corrigido depois.

Assédio no metrô

Em março, a Polícia Civil de São Paulo informou que investiga 30 grupos de molestadores que atuam no Metrô e na CPTM (Companhia Paulista de Transporte Metropolitano). Os grupos têm páginas no Facebook e em outras mídias sociais nas quais estimulam atos obscenos em mulheres no sistema metroviário.

Após dezenas de casos, o Metrô decidiu agir e criar uma campanha para tentar conscientizar os passageiros sobre o assunto. Nos próximos dias, começarão a ser espalhados pelo sistema cartazes e panfletos orientando que a prática de abusos constitui crime, além de vídeos nos televisores instalados dentro dos vagões.