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Delegado diz que homens ficaram na casa do coronel por 8 horas

Douglas Corrêa

Da Agência Brasil, no Rio

25/04/2014 18h25Atualizada em 25/04/2014 18h53

O delegado Fábio Salvadorete, encarregado das investigações sobre a morte do coronel reformado do Exército Paulo Malhães, confirmou no final da tarde desta sexta-feira (25) que foram três homens que entraram no sítio do militar, em uma área rural de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense. Eles fizeram a mulher dele e o caseiro reféns e ficaram na casa por oito horas.

De acordo com o delegado, a polícia tomou conhecimento da morte do coronel Malhães, por volta das 9h da manhã desta sexta-feira (25). Os homens levaram armas antigas que o militar colecionava e computadores da casa. O delegado Fábio Salvadorete disse que a vítima não foi morta a tiros e sim por asfixia, mas que está aguardando o laudo do Instituto Médico-Legal, que determinará a causa da morte.

A Polícia Civil informou que a mulher do coronel reformado e o caseiro foram ouvidos. Os agentes buscam imagens de câmeras de segurança que possam auxiliar na identificação dos criminosos. O caseiro será encaminhado para ajudar no retrato falado dos assassinos.

Ex-agente do Centro de Informações do Exército, Paulo Malhães foi o primeiro militar a admitir que  torturou, matou e ocultou cadáveres de presos políticos durante a ditadura militar.

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A Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense tomou depoimento de Cristina Batista Malhães, viúva do coronel reformado do Exército Paulo Malhães, assassinado ontem (24) em seu sítio em Cabuçu, no município de Nova Iguaçu. De acordo com o delegado-adjunto Fabio Salvadoretti, os três homens que invadiram a casa do militar estavam no local quando o coronel e sua mulher chegaram. No entanto, só começaram a revirar a casa após a chegada do casal. O caseiro não percebeu a chegada dos bandidos.
 
O delegado disse que foram levados celulares, dois computadores, impressoras, jóias e pelo menos quatro armas da coleção do coronel, além de R$ 700. Fábio Salvadoretti suspeita que Malhães tenha sido assassinado por asfixia cerca de três horas depois da chegada dos bandidos ao sítio. Segundo ele, não há indícios de que o coronel tenha sido torturado.
 
Os criminosos permaneceram na casa das 14h às 22h dessa quinta-feira (24), aproximadamente. A viúva contou que apenas um dos três homens estava encapuzado. Antes de irem embora, eles soltaram a mulher do coronel e o caseiro, que tinham sido amarrados e colocados cada um em um cômodo da casa.
 
O delegado Salvadoretti disse que estuda três linhas de investigação para o crime. “A esposa ouviu os bandidos fazendo ameaças, tipo 'onde estão as armas e as jóias'”, contou. “A investigação está muito preliminar ainda. Nada está sendo descartado. Pode ter sido um latrocínio, uma vingança ou um crime relacionado com o depoimento prestado por ele à Comissão Nacional da Verdade”, disse. Há exatamente um mês, em depoimento na comissão, o coronel reformado Paulo Malhães foi o primeiro militar a admitir a prática de tortura, assassinatos e ocultação de cadáveres de presos políticos durante a ditadura militar.
 

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