Governo subestimou complexidade de transposição do São Francisco, diz Dilma
O país subestimou a dimensão e a complexidade da obra de transposição do rio São Francisco, iniciada em 2007 e ainda incompleta. Essa foi a explicação apresentada pela presidente Dilma Rousseff, nesta terça-feira (13), após visita às obras em municípios de Ceará e Paraíba.
Segundo o último balanço do governo, em abril, 57,8% das obras estavam concluídas. A meta é --até o fim do ano-- chegar a 75% de conclusão.
Em entrevista coletiva em Jati (CE), Dilma justificou os primeiros anúncios que previram a obra ser entregue a partir de 2010 como fruto da "inexperiência" do país em realizar uma obra desse porte.
"A gente começou bastante inexperiente, e houve uma subestimação. Em nenhum lugar do mundo em dois anos é feita uma obra dessa dimensão. Ela é bastante sofisticada, leva um tempo de maturação. Houve atraso porque se superestimou a velocidade que ela poderia ter, minimizando a complexidade", disse.
Segundo a presidente, para cada real de investimento na obra, outros três são colocados em obras complementares --o que vai garantir a socialização da água. "São as obras que chamamos de estruturantes. Ao todo são R$ 33 bilhões se você somar as principais obras, inclusos aí os R$ 8 bilhões da transposição", disse.
Com o projeto, Dilma disse que 1.100 km de rios que secam durante a seca no Nordeste vão se tornar perenes.
Dilma também afirmou que a fase de resistência ao destino da água já foi superada. "O tanto que se tira de água daqui é muito pequeno. Não há mais um conflito distributivo. Teve no início, pois era obra muito diferenciada, e as pessoas não estavam acostumada com isso. Mas fizemos um projeto de revitalização do rio, com R$ 2,6 bilhões de investimento, sendo R$ 2,1 bilhões esgoto e água e R$ 500 milhões em erosão", disse.
Após conversar com os empresários responsáveis pelas obras, Dilma disse que a obra deve começar a ser entregue à população ainda este ano, com previsão de conclusão total até o final de 2015. "Vamos antecipar a chegada de água às pessoas, não necessariamente com inauguração formal. A obra tem estágios. Vai ficando pronto, e nós vamos deixando para uso da população", disse Dilma.
Sem risco de apagão
A presidente ainda falou sobre a seca ao ser questionada sobre a situação dos reservatórios responsáveis pelo abastecimento de energia do país. Dilma disse que não vê risco de um "apagão", como em 2001, e citou que houve investimentos para garantir a segurança elétrica nacional.
"O setor elétrico lida com a seca. Éramos um país terminantemente de matriz hídrica, e a partir de 2001 foi virando hidrotérmica. As térmicas estão presentes para serem usadas quando tivemos falta de água. E temos hoje um momento de baixa hidrológica, mais grave que a de 2001, e não temos o mesmo problema, porque fizemos investimento em transmissão de energia", afirmou.
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