Topo

Em obra de transposição do São Francisco, Dilma ouvirá queixas por atrasos

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

13/05/2014 06h00

A presidente Dilma Rousseff faz nesta terça-feira (13) sua segunda visita às obras da transposição do rio São Francisco. Assim como da ultima vez que esteve lá, em fevereiro de 2012, Dilma terá de justificar mais uma vez o porquê do atraso da obra, iniciada em julho de 2007 e com previsão inicial de lançamento de primeiro trecho em 2012.

Dilma visita o maior dos dois eixos em construção, passando pelas cidades de São José de Piranhas (PB), Jati (CE) e Cabrobó (PE) --esta última onde deverá enfrentar protestos de líderes municipais. Também está prevista reunião com empreendedores dos municípios e entrevista coletiva.

Segundo o último balanço do governo, em abril, 57,8% das obras estavam concluídas. A meta é --até o fim do ano-- chegar a 75% de conclusão. A ideia é entregar a transposição até o final de 2015.

Prefeito critica

Essa será também a segunda passagem de Dilma por Pernambuco após a renúncia de Eduardo Campos (PSB), no início do mês passado. Há menos de 30 dias, Dilma esteve em Ipoujca e Serra Talhada. 

Longe do hoje opositor Campos, Dilma não será recebida com muita festa pelo prefeito de Cabrobó, Auricélio Torres (PSB).

No município, nasce o eixo Norte da transposição. Em conversa com o UOL, o prefeito disse que pretende fazer cobranças à presidente das obras de contrapartida ao município. E ameaçou: “sem as contrapartidas, não sai água”.

O prefeito cobra a a conclusão da obra de saneamento, construção de casas e irrigação de áreas secas do município, entre outras demandas.

Para Torres, o governo federal estaria retaliando o seu município por ser governado por um aliado de Campos. “O comportamento de Brasília, nos ministérios da Integração Nacional e das Cidades, quando fui no último dia seis, deixou muito claro que é uma questão política. E o nome disso é retaliação”, disse.

“Os vários ministros do Lula prometeram muito. Muitos não queriam a transposição do lado de lá do rio, e Cabrobó foi a favor. Em 2005, prometeram a maior obra aqui, de R$ 6 milhões, que seria para contemplar a cidade com saneamento. Passado nove anos, só foi executado 30% da obra”, disse.

Procurado pelo UOL, o Ministério da Integração Nacional informou que "as adutoras do município de Cabrobó serão executadas dentro do Programa Básico Ambiental que beneficia as comunidades rurais que vivem nas proximidades do Projeto de Integração do Rio São Francisco." O órgão disse que a obra ainda está na fase de elaboração do projeto executivo. Já sobre os projetos do saneamento básico, o ministério informou que eles foram entregues em abril pela Prefeitura e estão em análise para liberação de recursos.

A obra

A obra de transposição do São Francisco começou em julho de 2007, tocada pelo Exército, e é totalmente feita com recursos federais. Desde de seu anúncio, a obra passou a ser criticada por muitos ambientalistas e líderes locais, que cobram a revitalização do rio.

Orçada em R$ 8,2 bilhões, a obra é dividida em dois eixos: o Norte, que sai de Cabrobó (PE) e vai a Cajazeiras (PB), e o Leste, com início em Floresta (PE) e término em Monteiro (PB).

Segundo a estimativa do governo, a obra deverá levar água a 12 milhões de pessoas de 390 municípios de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. A nova previsão apresentada para conclusão o final de 2015, segundo estimativa do ministro da Integração Nacional. Hoje, 10.000 pessoas trabalham nas obras.

Durante o governo Lula, o presidente chegou a visitar as obras em duas oportunidades e, na despedida do seu governo, em dezembro de 2010, disse que “somente um dilúvio” impediria de uma parte da obra --que hoje será visitada por Dilma-- ser entregue em 2012.