Rio oferece R$ 20 mil por recaptura de chefe do trafico solto pela Justiça
O Disque-Denúncia da Polícia Civil do Rio de Janeiro oferece recompensa de R$ 20 mil por informações que resultem na recaptura de Edson Silva de Souza, o "Orelha", apontado pela polícia como um dos chefes do tráfico nas comunidades Nova Brasília e Fazendinha, no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro. O cartaz com a foto de Orelha foi divulgado no sábado (8).
O criminoso deixou a penitenciária Gabriel Ferreira de Castilho pela porta da frente na última quinta-feira (6). Ele foi beneficiado por um habeas corpus expedido pela 6ª Câmara Criminal, cujo teor não foi divulgado pelo TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Estado do Rio). Porém, havia contra ele um mandado de prisão expedido pela juíza Maria Assad Karam, da 25ª Vara Criminal, um dia antes da liberação.
A Secretaria Estadual de Administração Penitenciária informou apenas ter cumprido todos os trâmites estabelecidos. Já o Ministério Público Estadual informou que está investigando as circunstâncias da soltura de Orelha. Para o órgão, antes de qualquer liberação, a pasta teria que checar se não há mandado pendente contra o preso.
O criminoso foi um dos 25 presos em operação da Polícia Civil para desmantelar um dos grupos que controla o comércio de drogas no Complexo do Alemão. A quadrilha chefiada por Orelha, de acordo com a investigação, teria sido responsável por ataques contra bases de UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) da região. Um dos atentados resultou na morte do capitão Uanderson Manoel da Silva, 34, que comandava a UPP Nova Brasília, em setembro.
Ainda de acordo com a investigação, a quadrilha costumava recrutar cada vez mais adolescentes e adultos sem antecedentes criminais para eles atuassem na linha de frente do tráfico, isto é, na venda de drogas e na proteção armada às bocas de fumo, e principalmente, na distribuição, envio, e venda das drogas fora dos domínios da favela.
Além dos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico, Orelha tem em sua ficha criminal anotações por lesão corporal, perturbação do trabalho ou sossego alheio e resistência.
Na última sexta-feira (7), após anunciar o nome do novo comandante-geral da Polícia Militar, o secretário de Estado de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, comentou o caso. "Se esses presos voltarem para o Alemão, vai ser muito difícil e muito ruim para a população e para toda a sociedade. (...) A polícia fez uma investigação de seis meses e agora vai ter que refazer todo esse trabalho", afirmou ele.
Beltrame defendeu um debate "mais amplo" sobre os limites do Código Penal e a atuação das polícias, do Ministério Público e do Judiciário. Para ele, a segurança pública "não é sinônimo de polícia". "Ela começa com o controle das fronteiras e termina no sistema penitenciário", opinou.
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