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Premonições inspiram ironia, histórias de amor e de mortes evitadas

Maria Eugênia Fernandes - Maria Eugênia Fernandes/Arquivo pessoal - Maria Eugênia Fernandes/Arquivo pessoal
Maria Eugênia resolveu casar com o namorado após ouvir premonição de vidente
Imagem: Maria Eugênia Fernandes/Arquivo pessoal

Do UOL, em São Paulo

29/11/2014 06h00

Sem provas científicas, as premonições despertam desconfiança, mas também mobilizam as pessoas. Em mensagens enviadas via Whatsapp ao UOL, muitos internautas reagiram com humor e ironia ao convite para o envio de histórias sobre o assunto, mas outros recordaram episódios em que tiveram suas vidas influenciadas por presságios.

"Uma mulher que se diz vidente veio me dizer que eu deveria me casar com quem estava namorando, e que, se eu me relacionasse com outra pessoa qualquer, eu não seria feliz", afirma Maria Eugênia Fernandes, de Goiânia. "Veio em boa hora, já que estávamos passando por um momento difícil no nosso relacionamento, quase a ponto de acabar."

A jovem diz que o encontro com a vidente influenciou bastante sua decisão de aceitar o casamento. "Ela disse que via que juntos seríamos mais fortes. No fundo, eu já sabia disso, mas me ajudou muito ela falar isso, mesmo sem me conhecer e sem eu falar nada."

Quem também viveu um episódio marcante influenciado por um pressentimento foi a administradora de empresas Clelia Freitas. Ela conta como a morte de seus sogros, em 2001, em um caso de latrocínio em Jacareí, a fez acreditar que é sensível a sinais que podem ser interpretados como presságios.

"Meus sogros tinham uma propriedade rural, para onde costumavam levar a neta", afirma. "Eu tinha pesadelos envolvendo minha filha, um medo, uma angústia quase insuportável. Aquela sensação horrorosa não saía do meu peito."

Por conta destas sensações, Clelia diz que teve uma discussão com a sogra e não permitiu que a menina, então com quatro anos de idade, viajasse com os avós naquele fim de semana. "Eles foram para a propriedade rural e acabaram brutalmente assassinados. Se eu não tivesse dito não, minha filha já não estaria entre nós."

A história de Clelia é semelhante ao relato da servidora pública Tatiane Campos Magalhães, de Maceió (AL). "Há 17 anos, sonhei com meu irmão sendo assassinado. Ele estava junto com mais dois amigos, e apenas ele e um dos rapazes morria. O outro conseguia fugir", recorda.

"Quando acordei, liguei para minha mãe e pedi que meu irmão viesse morar comigo. Eles viviam em Afogados da Ingazeira (PE)", acrescenta Tatiane. "No mesmo dia que ele veio para Maceió, o crime aconteceu do jeito que sonhei, mas apenas um morreu, o meu irmão já estava comigo e o outro conseguiu fugir. Fiquei triste por não ter avisado o outro rapaz. Mas meu irmão sobreviveu."

Céticos e bem-humorados

Muitas vezes, o suposto dom da premonição acaba influenciado pela crença religiosa de algumas pessoas e, em alguns casos, pode deixar cicatrizes em quem se decepciona com a religião.

"Acreditei em revelações de algumas igrejas e perdi seis estabelecimentos comerciais. Fiquei durante oito anos com depressão e engordei de 70 kg para 150 kg", afirma o cabeleireiro José Viana, de São Paulo. "Mas, um dia, deixei de acreditar nessas coisas e passei a acreditar em mim mesmo."

Mas tão comuns quanto as histórias de quem toma decisões com base em pressentimentos são as brincadeiras daqueles que encaram com ceticismo a possibilidade de se prever o futuro. "Uma vez, tive um sonho de que ganhei na loteria. Quando fui pegar o dinheiro... acordei", ironizou o internauta Marcelo Leite, de Marabá (PA).

O também paraense Fabio Santos, estudante da UFPA, se inspirou na premonição para descrever com humor o seu desempenho acadêmico. "Tinha prova da faculdade na segunda-feira. Estava lá no pagode no domingo e imaginei que tiraria zero", escreveu, no Facebook. "Dito e feito, tirei zero. Deveria ter gastado minhas previsões nas respostas da prova, mas os meus superpoderes estavam fracos por causa da ressaca e dor de cabeça."

E, entre céticos e supersticiosos, há também aqueles que dizem ter constatado na prática premonições que não se concretizaram. "Em 2012, tive um sonho em que o Corinthians perdia o jogo para o Boca Juniors por 2 a 0. Acordei muito chateado", diz Leonardo Costa Melo, ao se recordar da conquista da Libertadores pelo seu time do coração. "Mas ganhamos o jogo e fomos os campeões."